“As empresas familiares desfrutam de uma vantagem inicial para liderar em sustentabilidade. Elas são a forma de negócio mais confiável, são potencialmente mais ágeis, estão relativamente livres de pressões de curto prazo do mercado e podem exercer um impacto significativo”, aponta a 10ª Pesquisa Global sobre Empresas Familiares – 2021, da PWC. De acordo com o relatório, “em 2018, as 750 maiores empresas familiares no mundo empregavam mais de 30 milhões de pessoas e geravam US$ 9,1 trilhões”.
Ainda segundo a pesquisa, “Empresas não listadas (336 das 750 maiores têm capital aberto) também estão em vantagem por poderem ter uma visão de longo prazo de investimentos em iniciativas sustentáveis. Isso as diferencia como líderes naturais em sustentabilidade, função que 56% dos entrevistados brasileiros afirmam estar prontos para e dispostos a adotar, porcentagem equivalente à média global”.
Apesar dessa vantagem inicial para liderar em sustentabilidade, “o Estudo revela que existe o risco de que abordagens e formas de pensar convencionais, especialmente em relação ao que significa sustentabilidade e como as empresas familiares são administradas, possam conter esse avanço. Por enquanto, as empresas não estão priorizando ESG nem práticas sustentáveis”.
Mas por que ter o selo ESG – sigla em inglês para “environmental, social and governance” – é de suma importância para o crescimento dos negócios? Ele é utilizado para medir as práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa. Também tem sido usado para investimentos com critérios de sustentabilidade. Afinal, organizações cuja missão é tornar os negócios mais sustentáveis e com menor impacto ao meio ambiente estão na mira dos investidores.
Empresas familiares: pressão em torno da Sustentabilidade
Nos últimos anos, as companhias listadas têm percebido um aumento da pressão de clientes, credores, acionistas e empregados em torno da sustentabilidade. Segundo o Estudo, “o investimento em fundos com foco em ESG quadruplicou nos EUA em um ano, para mais de US$ 21 bilhões em 2019. Também proliferaram as regulamentações relacionadas à sustentabilidade, como divulgações de emissões e relatórios sobre remuneração por gênero”.
Ainda de acordo com a pesquisa, “as empresas listadas têm sido constantemente impulsionadas a adotar práticas e políticas ESG. Elas não têm escolha a não ser responder e, ao fazê-lo, visivelmente lideram o avanço. Para as organizações familiares, a oportunidade de alcançar sua grande prioridade – expandir-se para novos mercados – pode servir de impulso para investir em ESG”.
O primeiro passo para investir em ESG, se tratando de empresa familiar, a maioria já deu. Como explica o relatório da PWC:
- “A mentalidade de retribuição está no DNA das empresas familiares. Elas pensam no impacto total de seus negócios para a sociedade, priorizam o bem-estar de seus empregados e acreditam na importância de apoiar suas comunidades e a sociedade. Cerca de 80% no Brasil e no mundo têm algum tipo de atividade de responsabilidade social, sendo que pouco mais da metade desse percentual diz se envolver em filantropia. É o modo como elas pensam sobre sustentabilidade que precisa mudar. O tema deve estar no centro de suas operações comerciais, em vez de simplesmente incorporado em atividades filantrópicas. Em algumas economias, ele já está.
- “Nossa pesquisa mostra que as empresas familiares em países onde as formas tradicionais de filantropia são menos praticadas entenderam a mensagem. Na Ásia, por exemplo, as organizações familiares estão colocando suas práticas de sustentabilidade no centro de tudo o que fazem. Na China, 79% das empresas familiares priorizam a sustentabilidade, em comparação com 44% no Brasil e 23% nos EUA. Ainda assim, 76% das empresas familiares dos EUA contribuem fortemente para sua comunidade, em contraste com 54% na China e 39% no Brasil”.
Aspectos ESG são uma questão existencial
Segundo o Estudo, “os aspectos ESG são uma questão existencial. As empresas que não demonstram seu compromisso com práticas sustentáveis podem ser punidas pelos consumidores, pela mídia e até pelos reguladores. Os donos de empresas familiares desejam, acima de tudo, criar um ativo duradouro para as gerações futuras. É essa é uma prioridade para 80% dos participantes brasileiros e 64% dos globais”.
Caso a Sustentabilidade não seja uma prioridade, de acordo com o relatório PWC, “a licença para operar e o legado estarão em risco. E a Covid-19 aumentou aparentemente o desejo dos donos de empresas familiares de proteger seus negócios e criar um legado”.
Para ler a 10ª Pesquisa Global sobre Empresas Familiares – 2021: clique aqui.