O Pix se tornou em pouco mais de 1 ano, de acordo com dados mais recentes do Banco Central, o meio de pagamento mais utilizado pelo brasileiro. E as recentes mudanças no país – tanto em termos de regulação com o Open Banking e a criação do Pix, quanto a aceleração da digitalização da população – sinalizam um caminho promissor para a inclusão financeira.
Afinal, “cerca de 53,4% dos brasileiros preferem o dinheiro como forma de pagamento e 38,5% não têm conta em banco. Sendo que o percentual de mulheres representa 43,4% dessa fatia e de homens 33,2%”, de acordo com dados da pesquisa elaborada, em 2021, pela Brink’s em parceria com a Fundação Dom Cabral.
Mas por que em plena era digital ainda é grande a parcela de desbancarizados no Brasil? Os motivos são vários, aponta o relatório – entre eles: a distância até uma agência, as altas taxas cobradas, falta de confiança nas instituições, falta de dinheiro, o fato de alguém da família já ter uma conta.
Sucesso do Pix
Esse cenário acima só reforça o grande potencial que o mercado brasileiro tem para trabalhar a inclusão financeira. Tanto que em um estudo recente da Universidade de Harvard, intitulado “Moedas digitais nacionais: o futuro do dinheiro?”, os pesquisadores colocam o Brasil entre os países mais avançados no desenvolvimento da moeda digital própria, o que sinaliza uma porta para a inclusão financeira.
Isso porque a CBDC (Central Bank Digital Currency – ou Moeda Digital Emitida por Banco Central) será, em um futuro bem próximo, a forma digital da moeda fiduciária de um país. E o Pix é citado no Estudo como um estágio intermediário para a construção da CBDC no Brasil.
Com as CBDCs , ao invés da impressão de notas de papel e da fabricação de moedas de metal, os bancos centrais só terão que se preocupar em emitir tokens eletrônicos, cujos valores serão garantidos justamente pela credibilidade atribuída ao próprio governo, já que todo o processo será coordenado pelo seu principal órgão regulador.
O BIS ( Bank for International Settlements), também conhecido como Banco Central dos Bancos Centrais, de acordo com o Estudo de Harvard, sinaliza que por intermédio das CBDCs será possível melhorar a liquidez permitindo aumentar a velocidade das transações.
Agora, se tratando das economias emergentes, como é o caso do Brasil, as moedas digitais nacionais estão sendo consideradas principalmente como um meio de aumentar a inclusão financeira. Isso porque permitem que os governos incluam populações desbancarizadas na economia digital.
Mas quais fatores foram determinantes para o sucesso do Pix? “Experiência padronizada; ser gratuito para pessoas físicas; participação mandatória”, afirma Ivo Mósca, superintendente executivo open finance e digital payments do Itaú, ao ministrar palestra de abertura do Mastering: Future Pay, que aconteceu entre os dia 12 e 13 de setembro, no Mavsa Resort, em Cesário Lange, São Paulo.
E a tendência é que o Pix gere impacto considerável no futuro dos meios de pagamento, especialmente devido às novas funcionalidades liberadas pelo Banco Central. Com o Pix Garantido, por exemplo, a instituição que detém a conta do usuário terá que se comprometer a realizar o pagamento previamente agendado, ainda que não tenha saldo na conta. A modalidade também permitirá pagamentos recorrentes e concorrerá com os cartões de crédito, o que deve diminuir a taxa de juros.
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