Por Christine Salomão, jornalista – diretora de conteúdo da ebdi. Conceito e características do Mundo BANI.
O conceito “Mundo BANI” foi criado pelo antropólogo e futurologista norte-americano Jamais Cascio. Ele percebeu que o antigo Mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) já não se adequava à realidade acelerada e caótica em que vivemos, especialmente após a pandemia da Covid-19.
Para Cascio, o termo BANI, que é um acrônimo que significa Brittle (Frágil), Anxious (Ansioso), Nonlinear (Não linear) e Incomprehensible (Incompreensível), descreve de forma mais precisa a realidade que enfrentamos hoje.
A seguir, entenda o conceito de cada elemento-chave do Mundo BANI e suas características, de acordo com o antropólogo:
- Frágil (Brittle): no Mundo BANI, compreendemos que o mundo é frágil, onde a certeza de hoje pode se transformar na incerteza de amanhã. Devemos estar sempre preparados para o inesperado, ter planos de contingência e flexibilidade para lidar com mudanças abruptas.
- Ansioso (Anxious): a incerteza constante gera ansiedade. O senso de urgência leva a decisões rápidas, muitas vezes impulsionadas pelo medo de perder oportunidades ou enfrentar desafios imprevistos. As pessoas tendem a se refugiar em bolhas de segurança, iludindo-se com a ideia de controle sobre o ambiente.
- Não Linear (Nonlinear): planejamentos de longo prazo podem não ser eficazes no Mundo BANI. Isso devido à natureza não linear dos eventos. Múltiplas ações ocorrem simultaneamente, e é difícil prever como elas se interligam. A adaptação constante é necessária para sobreviver nessa realidade em constante transformação.
- Incompreensível (Incomprehensible): em um mundo com mudanças constantes e avanços tecnológicos rápidos é desafiador entender completamente como as coisas funcionam. Embora tenhamos acesso a uma quantidade abundante de informações, confiar apenas em dados para estratégias nem sempre garante sucesso, pois as preferências e circunstâncias mudam constantemente.
Diferença: Mundo BANI e VUCA
A diferença entro Mundo VUCA e BANI é que enquanto o VUCA enfatiza a natureza volátil e imprevisível do ambiente empresarial atual, o mundo BANI foca na importância da resiliência e da capacidade de adaptação das empresas a essas mudanças.
Agora, ambos os conceitos reconhecem que a única constante no mundo dos negócios é a mudança. Por isso, as organizações precisam ser ágeis, flexíveis e adaptáveis para sobreviverem em um ambiente de negócios cada vez mais competitivo e em constante evolução.
E existem várias razões para essa realidade em que vivemos. A começar que a rápida evolução da tecnologia está transformando fundamentalmente a forma como fazemos negócios. Novas ferramentas, plataformas e soluções surgem constantemente criando oportunidades, mas também desafiando as organizações a se manterem atualizadas e relevantes.
As preferências dos consumidores também estão em constante mudança. E as empresas precisam acompanhar as tendências e os desejos dos clientes, ajustando seus produtos, serviços e estratégias de marketing para atender às demandas em evolução.
Já a globalização conectou os mercados e as economias de maneira sem precedentes. E as empresas passaram a competir em uma escala global, enfrentando concorrentes de todos os cantos do mundo. O que exige uma rápida adaptação a diferentes culturas, regulamentações e condições de mercado.
Vale destacar ainda que a sociedade está passando por mudanças sociais e culturais significativas, que afetam as expectativas e os valores dos consumidores. Por isso, as empresas precisam estar atentas a essas mudanças para se manterem relevantes e éticas.
Sem falar que a crescente conscientização sobre questões ambientais e sociais está afetando a maneira como as empresas operam. A sustentabilidade e a responsabilidade social corporativa tornaram-se temas importantes, exigindo adaptações nas práticas de negócios.
Outro problema é que a concorrência nos mercados é feroz. Principalmente porque novas startups surgem diariamente com modelos de negócios inovadores jogando por terra os mais tradicionais. E as organizações precisam estar prontas para competir e se diferenciar.
Leia também: “Como trazer a cultura de inovação para uma companhia?”. Clique aqui.