A revolução nos serviços financeiros e seus impactos nas empresas

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Por Christine Salomão, jornalista – diretora de conteúdo da ebdi. A revolução nos serviços financeiros e seus impactos nas empresas.

Em um cenário empresarial em constante evolução, a busca por soluções inovadoras tem ganhado cada vez mais destaque no setor financeiro, não apenas como uma resposta às demandas dos clientes, mas como um meio de transformar radicalmente a maneira como as empresas operam e interagem com seu público. Afinal, a inovação é a força motriz para impulsionar o crescimento, a sustentabilidade e a competitividade das companhias frente aos avanços tecnológicos.

Tanto que a rápida digitalização e a adoção de novas tecnologias mudaram o comportamento do cliente que, atualmente, espera conveniência, personalização e acesso instantâneo às informações financeiras. Por isso, empresas que conseguem inovar e oferecer experiências excepcionais aos clientes ganham vantagem competitiva.

Agora, a inovação em serviços financeiros não se limita apenas ao atendimento ao cliente. Ela também envolve a otimização de processos internos, como a automação de tarefas manuais e a implementação de soluções de inteligência artificial para análise de dados. Essas melhorias impulsionam a eficiência operacional, reduzem os custos e liberam recursos valiosos para outras áreas estratégicas.

A análise de dados avançada e as soluções de segurança cibernética, por exemplo, são componentes essenciais da inovação em serviços financeiros. Ao utilizar algoritmos sofisticados e aprendizado de máquina, as empresas podem identificar padrões de risco, detectar fraudes e proteger os dados dos clientes de maneira mais eficaz.

Os serviços financeiros também desempenham um papel fundamental na promoção da inclusão financeira, permitindo que classes menos favorecidas se beneficiem. Isso porque, no Brasil, “cerca de 53,4% dos brasileiros preferem o dinheiro como forma de pagamento e 38,5% não têm conta em banco. Sendo que o percentual de mulheres representa 43,4% dessa fatia e de homens 33,2%”, segundo dados da pesquisa elaborada pela Brink’s em parceria com a Fundação Dom Cabral. 

Vale destacar também que os serviços financeiros têm o potencial de abrir portas para novos modelos de negócios, principalmente em um mundo cada vez mais conectado. Startups e empresas estabelecidas podem explorar oportunidades como fintechs, peer-to-peer lending, blockchain e criptomoedas. Essas inovações não apenas diversificam as ofertas, mas também criam fontes adicionais de receita.

A revolução que a tecnologia está fazendo nos serviços financeiros, além de promover um leque de oportunidades de crescimento para as empresas, tem gerado grandes desafios, especialmente para os Chief Information Officers (CIOs) que desempenham um papel crucial na adaptação às mudanças e na incorporação de inovações que estão redefinindo o setor financeiro.

Principalmente porque os clientes agora esperam experiências financeiras mais individualizadas, acessíveis e convenientes. Não é à toa que as iniciativas em digitalização da gestão financeira das empresas estão se acelerando rapidamente, pois permite a oferta de soluções inovadoras, como pagamentos móveis, consultoria financeira personalizada e acesso fácil a informações em tempo real.

Agora, à medida que mais transações financeiras migram para plataformas online e aplicativos móveis, a segurança cibernética torna-se uma prioridade crítica. E os CIOs precisam implementar soluções avançadas para proteger dados sensíveis, identificar ameaças em tempo real e garantir a integridade dos sistemas, evitando assim possíveis violações que poderiam comprometer a confiança dos clientes.

Já a rápida evolução de tecnologias como inteligência artificial, blockchain e automação exige que os CIOs desenvolvam estratégias eficazes para integrar essas inovações aos sistemas legados. A capacidade de adotar tecnologias emergentes de maneira eficiente pode diferenciar as instituições financeiras, proporcionando melhorias em eficiência, experiência do cliente e redução de custos.

Adaptação à regulamentação é outra preocupação dos CIOs atualmente. Isso porque as instituições financeiras operam em um ambiente altamente regulamentado, e as mudanças nas leis e regulamentos podem impactar significativamente os sistemas existentes. Por isso, os CIOs enfrentam o desafio de manter-se atualizados com as exigências regulatórias e garantir que os sistemas estejam em conformidade, ao mesmo tempo em que buscam oportunidades para inovar dentro desses parâmetros.

Além disso, com a dependência crescente da tecnologia, a resiliência dos sistemas torna-se crucial. E os CIOs precisam desenvolver planos de continuidade de negócios que garantam a operacionalidade contínua em caso de falhas de sistemas, desastres naturais ou ciberataques, minimizando assim o impacto nos serviços financeiros oferecidos.

Existe uma forte conexão entre culturas organizacionais saudáveis e resultados financeiros sustentáveis. Segundo o professor da Harvard Business School, pesquisador e especialista no tema de cultura organizacional, James Heskett, uma cultura efetiva pode representar entre 20% e 30% do diferencial no desempenho de uma empresa quando comparado com concorrentes que apresentam uma cultura considerada inexpressiva.

E sem uma cultura organizacional flexível, colaborativa e voltada para a inovação, os CIOs não conseguem alinhar sua visão tecnológica com os objetivos estratégicos da empresa. Ao enfrentar esses desafios com resiliência e inovação, eles contribuem não apenas para a eficiência operacional, mas também para a construção de uma base sólida para o sucesso contínuo no mundo financeiro em constante evolução.

Por isso, o C-level precisa se unir em torno de um propósito para promover a transformação cultural da empresa e estimular a inteligência estratégica. Afinal, segundo Peter Drucker, o pai da administração moderna, “a cultura come a estratégia no café da manhã”. E sem  focar no business agility deixando as prioridades bem claras e o comprometimento genuíno de todos fica praticamente impossível tornar o negócio adaptável às constantes mudanças do mercado.

Várias tecnologias têm impactado positivamente os serviços financeiros, proporcionando melhorias em eficiência, segurança e acessibilidade. Confira a seguir:

  • Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML): sistemas baseados em IA e ML são usados para análise de dados, detecção de padrões, prevenção de fraudes e automação de processos, melhorando a tomada de decisões e a eficiência operacional.
  • Blockchain e Criptomoedas: a tecnologia blockchain oferece um registro descentralizado e seguro de transações, o que pode aumentar a transparência e reduzir os riscos de fraude. As criptomoedas, como  Bitcoin e  Ethereum, oferecem soluções inovadoras para transferências internacionais, remessas e inclusão financeira.
  • Internet das Coisas (IoT): a IoT permite a coleta de dados em tempo real, por exemplo, para seguros baseados no comportamento do usuário, monitoramento de ativos e automação de processos bancários.
  • Biometria: o uso de biometria, como impressões digitais e reconhecimento facial, melhora a segurança na autenticação de transações e acesso a contas.
  • Pagamentos móveis: aplicativos de pagamento móvel facilitam transações rápidas e seguras, reduzindo a dependência de dinheiro físico.
  • Computação em nuvem: oferece escalabilidade, flexibilidade e segurança aprimorada, permitindo que as instituições financeiras armazenem e acessem dados de forma eficiente.
  • RegTech: tecnologias regulatórias (RegTech) ajudam as instituições financeiras a cumprirem regulamentações de forma eficiente, reduzindo custos e riscos de conformidade.
  • Chatbots e Assistência Virtual: a implementação de chatbots e assistentes virtuais melhora a experiência do cliente, fornecendo suporte instantâneo e facilitando a comunicação.
  • Open Banking: plataformas de open banking permitem que instituições financeiras compartilhem dados de clientes de forma segura, facilitando a integração de serviços e proporcionando aos usuários maior controle sobre suas informações financeiras.
  • Fintech: startups financeiras (fintechs) estão usando tecnologia para criar soluções inovadoras em pagamentos, empréstimos, gestão de investimentos e outras áreas, muitas vezes oferecendo serviços mais ágeis e acessíveis do que os bancos tradicionais.

A fintechzação representa a adoção massiva de tecnologias financeiras por empresas emergentes e tradicionais. Ou seja, toda empresa agora pode ser uma fintech, mesmo que sua atividade principal não seja a prestação de serviços financeiros. Com isso, a empresa mantém seu core business, mas acrescenta soluções tecnológicas em serviços financeiros, o que, além atrair e fidelizar clientes, gera novas fontes de receita.

Isso porque as empresas passam a oferecer uma gama de serviços, incluindo pagamentos, empréstimos, gestão de investimentos e seguros. Agora, vale ressaltar que essa transformação é impulsionada pela demanda crescente por soluções financeiras mais acessíveis, eficientes e centradas no usuário.

Impactos das fintechs nos serviços financeiros

  • Inovação em pagamentos: pagamentos móveis e carteiras digitais oferecem conveniência e rapidez, alterando a maneira como as transações são realizadas. A inclusão de criptomoedas nesse cenário amplia as opções disponíveis para os consumidores.
  • Empréstimos descomplicados: fintechs de empréstimos estão utilizando algoritmos avançados para avaliação de crédito, agilizando o processo de aprovação e desembolso. Isso beneficia especialmente aqueles que tradicionalmente enfrentam dificuldades para obter crédito.
  • Gestão de investimentos acessível: plataformas de robo-advisor e investimentos fracionados estão democratizando o acesso aos mercados financeiros, permitindo que investidores de todos os perfis participem do mundo dos investimentos.
  • Tecnologia Blockchain e Criptomoedas: a tecnologia blockchain está redefinindo a confiança nas transações financeiras, enquanto as criptomoedas oferecem alternativas para transferências internacionais rápidas e transparentes.
  • Desafios para instituições tradicionais: Bancos tradicionais enfrentam o desafio de se adaptar a esse novo cenário, buscando parcerias estratégicas, implementando tecnologias inovadoras e aprimorando a experiência do cliente para competir com as fintechs.

“Nas últimas décadas, os bancos brasileiros vêm despontando na vanguarda da tecnologia bancária mundial, investindo em digitalização, inovação e, principalmente, segurança, que tem sido uma prioridade. Os bancos investem, em média, cerca de 10% de seu orçamento de tecnologia da informação em cibersegurança – valor que pode ser estimado em R$ 2,5 bilhões, segundo dados da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2022”, de acordo com matéria publicada no Valor Econômico.

Ainda segundo a matéria, “ como as instituições financeiras lidam com volumes massivos de dados sensíveis, os bancos tornaram-se alvos importantes para os hackers, que buscam aperfeiçoar golpes e ataques cibernéticos. Por isso, as instituições bancárias seguem adotando abordagens proativas para enfrentar os desafios da cibersegurança, contando com tecnologias de ponta para a prevenção de fraudes. A implementação de firewalls avançados, detecção de ameaças em tempo real e sistemas de autenticação de múltiplos fatores tornaram-se fundamentais para mitigar riscos.”

De acordo com o relatório IDC Predictions 2023, “os gastos com soluções de Segurança da Informação devem atingir US$ 1,3 bilhão no Brasil até dezembro de 2023, representando um aumento de 13% em relação ao ano passado. Outro dado relevante da pesquisa é que “53,6% dos executivos de TI no Brasil e 50,6% na América Latina afirmaram que a Cibersegurança permanecerá como uma das maiores prioridades e preocupações para as empresas em todas as verticais de negócio em todos os mercados latino-americanos. Risco cibernético e penalizações legais têm direcionado a gestão do negócio para a importância da Cibersegurança.”

Segundo o relatório Cybersecurity Skills Gap de 2023 da Fortinet, “existe uma procura constante pelo aumento do número de profissionais de segurança de IT”. A pesquisa sinaliza que “a escassez de competências em cibersegurança resultou em funções críticas de IT não preenchidas, aumentando os ciber-riscos das organizações.”

Para John Maddison, EVP of Products and CMO da Fortinet, “a escassez de talentos em cibersegurança é um dos maiores desafios que coloca as organizações em risco. Segundo o executivo, “no cenário atual, as organizações devem optar por produtos que introduzam a automatização para aliviar as equipes sobrecarregadas de trabalho, enquanto continuam a concentrar-se na formação e requalificação em cibersegurança”.

Os conflitos de gerações também têm afetado a atração e retenção de talentos na área de TI. Principalmente porque os jovens querem trabalhar com propósito e não abrem mão de serem felizes no trabalho. Além disso, a demanda por talentos nesta área só cresce no mundo todo.

Pesquisa promovida pela consultoria de seleção executiva PageGroup,  revela que “oito a cada dez candidatos da área de TI não estão dispostos a trocar de emprego. Entre as principais causas para a recusa de novas vagas estão promoções, contrapropostas salariais e até movimentações para outras áreas da empresa.”

“A demanda dos investidores é um dos principais impulsionadores do crescimento no mercado de dados ESG. Instituições financeiras com fortes propostas ESG são cada vez mais vistas como desfrutando de uma vantagem competitiva sobre seus pares”, de acordo com pesquisa da EY.

Esse fator de atração, segundo o relatório, “é reforçado por um forte impulso da regulamentação, que continua a moldar ativamente os mercados de dados ESG. Mais instituições estão se enquadrando no escopo das regras obrigatórias de divulgação europeia, e as regulamentações emergentes nos EUA e na Ásia prometem estimular a demanda em outros mercados.”

Nos próximos anos, diversas tendências prometem alavancar significativamente os serviços financeiros. O conceito de Open Finance, por exemplo, com sua abordagem inovadora, que vai além do Open Banking, permitirá uma integração ainda mais ampla e colaborativa entre diferentes serviços financeiros. Essa abertura cria um ecossistema mais dinâmico, onde os usuários podem acessar uma variedade de produtos financeiros de maneira integrada, proporcionando uma experiência mais personalizada e eficiente.

A introdução do Drex, o real digital, representa um avanço importante na transformação das moedas tradicionais. Esse desenvolvimento, baseado em tecnologia blockchain, tem o potencial de simplificar transações, aumentar a eficiência e reduzir custos, além de abrir portas para novos modelos de negócios e serviços financeiros inovadores.

A tokenização, por sua vez, ganha destaque como uma tendência que promete transformar ativos tradicionais em tokens digitais, facilitando a negociação e a transferência de valor de forma mais eficiente e segura. Isso pode abrir novas oportunidades de investimento e democratizar o acesso a ativos que historicamente eram menos acessíveis.

Já a IA continua a ser um pilar fundamental na evolução dos serviços financeiros. Desde a automação de processos até a personalização de serviços, a IA promete aprimorar cada vez mais a eficiência operacional e proporcionar experiências mais adaptadas às necessidades individuais dos usuários.

Essas tendências não apenas refletem avanços tecnológicos, mas também respondem às demandas crescentes por mais acessibilidade, eficiência e inovação nos serviços financeiros. À medida que essas transformações se consolidam, é possível antever um cenário em que a interconexão de plataformas, a digitalização de ativos e a inteligência artificial se combinam para moldar um ecossistema financeiro mais ágil, inclusivo e orientado para o futuro.

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