Banco Mundial: perspectivas econômicas globais

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“A projeção é de que o crescimento global desacelere para 1,7% em 2023, o terceiro ritmo mais fraco em quase três décadas, suplantado apenas pelas recessões globais de 2009 e 2020”, adverte o Banco Mundial em seu relatório “Perspectivas econômicas globais”. E essa desaceleração deve-se em parte ao aperto das políticas destinadas a controlar a inflação alta.

Segundo o relatório, “grandes desacelerações nas economias avançadas, incluindo cortes acentuados em sua previsão para crescimento de 0,5% nos Estados Unidos e estabilidade na zona do euro podem prenunciar uma nova recessão global menos de três anos após a última.”

“Dada a fragilidade das condições econômicas, qualquer novo desenvolvimento adverso – como inflação mais alta do que o esperado, aumentos abruptos nas taxas de juros para contê-la, um ressurgimento da pandemia de Covid-19 ou uma escalada das tensões geopolíticas – poderia empurrar a economia global para a recessão”, informa o Banco Mundial.

De acordo com o relatório, “as perspectivas sombrias serão especialmente difíceis para as economias emergentes e em desenvolvimento já que elas lutam com pesados encargos de dívida, moedas e crescimento da renda fracos e desaceleração do investimento empresarial, que agora está previsto a uma taxa de crescimento anual de 3,5% nos próximos dois anos — menos da metade do ritmo das duas últimas décadas.”

Perspectivas econômicas globais: crescimento da China caiu para 2,7%

“O crescimento da China em 2022 caiu para 2,7%, seu segundo ritmo mais lento desde meados dos anos 1970 depois de 2020, já que as restrições sob a política de Covid zero, a turbulência do mercado imobiliário e a seca atingiram o consumo, a produção e o investimento”, disse o relatório.

O Banco Mundial observou ainda que algumas pressões inflacionárias começaram a diminuir à medida que 2022 chegava ao fim, com preços mais baixos de energia e commodities. Mas por outro lado “advertiu que os riscos de novas interrupções de fornecimento são altos, e que a inflação elevada pode persistir. Isto pode fazer com que os bancos centrais respondam aumentando as taxas de juros mais do que o esperado atualmente, agravando a desaceleração global”, acrescentou.

Já o crescimento da renda per capita nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, de acordo com o relatório, “está projetado para uma média de 2,8% nos próximos dois anos, um ponto porcentual abaixo da média de 2010-2019. Para a região da América Latina e Caribe (ALC), “espera-se que o crescimento desacelere para 1,3% em 2023, antes de se recuperar um pouco, para 2,4%, em 2024.”

Segundo o relatório, “a desaceleração reflete os esforços das autoridades monetárias para controlar a inflação e as repercussões de uma perspectiva global fraca. Espera-se que o crescimento lento nos Estados Unidos e na China reduza a demanda de exportação, enquanto o aumento das taxas de juros nos EUA provavelmente manterá as condições financeiras restritivas.”

O crescimento global lento deve pesar sobre os preços das commodities, enfraquecendo os termos de troca da América do Sul. “Espera-se ainda que o investimento regional diminua este ano, prejudicado por custos de financiamento mais elevados, fraca confiança empresarial e elevada incerteza política”, adverte o relatório.

“Na África Subsaariana, que responde por cerca de 60% da população extremamente pobre do mundo, o crescimento da renda per capita em 2023 2024 deve ser, em média, de apenas 1,2%”, informa o Banco Mundial.

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