Como evitar a próxima pandemia?

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“Como evitar a próxima pandemia” é o título do novo livro de Bill Gates. O cofundador da Microsoft sinaliza na obra o que deveríamos ter aprendido com a covid-19 e o que está ao nosso alcance para evitar outro desastre como esse.

Para escrever o livro, o bilionário trocou conhecimento com os melhores especialistas do planeta, além da própria experiência no combate a doenças fatais na Fundação Gates. Tanto que, antes de falar da pandemia, Bill Gates nos ajuda a entender a ciência das patologias infecciosas.

Em seguida, apresenta como as nações do mundo, trabalhando em conjunto entre si e com o setor privado, podem não apenas deter outra catástrofe como a da covid-19, mas também erradicar todas as mazelas respiratórias, incluindo a gripe.

A proposta de os países trabalharem em conjunto para que o planeta evite a próxima pandemia, similar a da covid-19, também faz parte de um estudo recente de Harvard.

Receita para evitar a próxima pandemia: estudo de Harvard

A receita para evitar a próxima pandemia é respeitar a natureza, sinaliza estudo recente da Universidade de Harvard. Mas para que o planeta consiga fazer isso é preciso: criar um sistema global de monitoramento de zoonoses, fazer um esforço para acabar com o desmatamento e eliminar o tráfico de animais silvestres.

E o orçamento para que o mundo coloque em prática as ações acima, de acordo com o estudo, pode ser distribuído ao longo das próximas décadas a um custo de US$ 20 bilhões anuais. “O valor equivale a um vigésimo do impacto econômico global que uma nova pandemia provocaria”.

Esses cálculos fazem parte de um trabalho liderado pelo sanitarista Aaron Bernstein, da Universidade de Harvard, em parceria com economistas e pesquisadores de diversas áreas.

Segundo a demógrafa brasileira Márcia Castro, professora de Harvard e coautora do estudo, “a melhora no custo-benefício de tomar as medidas para um sistema global de prevenção ao ‘spillover’ foi até subestimado no estudo, porque inclui medidas que beneficiam a humanidade em outras frentes, como a preservação ambiental.”

Spillovers: a passagem de patógenos animais para humanos

Isso porque o impacto dos eventos conhecidos como “spillovers” (a passagem de patógenos animais para humanos) tem provocado perdas anuais de US$ 212 bilhões no último século. Se levado em conta o impacto das mortes causadas por essas doenças, somam-se a esse valor mais US$ 350 bilhões.

Segundo Bernstein e sua equipe, a margem de erro da simulação é grande, mas é possível afirmar que dos R$ 562 bilhões das cifras somadas acima, o piso da estimativa é de US$ 400 bilhões. Daí sai a conclusão de que o valor da solução é da ordem de um vigésimo do custo do problema.

O cálculo dos pesquisadores foi baseado no impacto duradouro de epidemias grandes e pequenas iniciadas nos últimos 105 anos, incluindo a covid-19, a Aids e a gripe espanhola. E para fazer a conta foram computadas todas as doenças humanas derivadas de zoonozes que deixaram ao menos dez mortos.

Já para estimar o peso financeiro das mortes provocadas pelas pandemias, os pesquisadores de Harvard atribuíram preços a cada óbito causado pelos patógenos, usando o conceito econômico de WTP (“willingness to pay”).

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