Construindo uma cultura vencedora: aprenda com a NBA

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Como você avalia cultura e identidade? O employer branding é feito sobre bases sólidas ? Confira alguns insights da NBA neste artigo.

Este artigo foi escrito por Marcus Vinícius Martins, Executivo de contas para Gillette, Oral-B e Old Spice na Ketchum Brasil, especialmente para a ebdi.

Um conversa sobre cultura

Ouvir podcasts esportivos faz parte de uma rotina de meditação adotada nos últimos tempos. Um dos meus favoritos é o Woj Pod, do consagrado jornalista esportivo da ESPN norte-americana Adrian Wojnarowski.

Um dos meus episódios favoritos é a entrevista com um dos meus maiores ídolos: Dwyane Wade.

Na conversa, Woj inicia uma conversa sobre cultura vencedora no esporte, de como é um clichê gasto, mas encontrado em poucas organizações. Wade responde lembrando a importância dos parâmetros nunca mudarem, independente de quem veste aquela camisa ou quem orienta o time.

O episódio seguinte tem como entrevistado Julius Randle que, na época, estava no Los Angeles Lakers. Ele é mais jovem que Wade, mas ainda assim, nota-se uma diferença grande no discurso.

Julius reforça a importância da identidade da equipe, entretanto, quando confrontado sobre a definição dessa cultura em L.A., o jogador fala em três pilares do time na defesa, dos quais ele não se lembra.

Daí, ele finaliza o assunto com uma frase bem rasa, “Nós sabíamos que queríamos ser uma das 10 melhores defesas da liga”.

Embora cultura e identidade sejam importantíssimas tanto no esporte, quanto em qualquer outra área, é muito difícil defini-las e detalha-las quando não se têm compreensão total de como ela se aplica às organizações – por mais que seja fácil usar essas palavras no vocabulário diário, seja você técnico de um time ou chef de cozinha.

No esporte, costumeiramente essas palavras são associadas a altruísmo, dedicação, determinação, defesa forte e ataque agressivo.

Esses atributos são desejáveis à qualquer equipe que deseja vencer, mas se todos se orientassem por eles, seria complicado distinguir as equipes como detentoras de uma cultura ou identidade únicas.

É mais sobre deixar uma impressão que ser compreendido.

E na sua empresa, como você avalia essa questão?

O employer branding é feito sobre bases sólidas ou apenas propagando enganosa?

Eu poderia citar centenas de jogadores e executivos que influenciaram a liga com sua maneira de atuar, de se vestir e se comportar.

São 30 times em 30 cidades, quase 400 jogadores de 40 países diferentes hoje em dia. Temos, inclusive, no comando de uma franquia canadense, um presidente de franquia africano: Masai Ujiri.

Ou seja, sem clara definição, identidade e cultura serão apenas repetidas a esmo.

Isso nos leva a uma verdade inegável: palavras formam pensamentos que levam às ações. A inabilidade de definir em palavras contribui para a inabilidade de formar pensamentos concretos que se concretizariam em ações.

Quer um exemplo? Peça a alguém que nunca jogou basquete que faça um “corta-luz” e observe a confusão que isso gera na pessoa.

E quantos termos e processos, próprios de cada área, são definidores da cultura daquele ambiente? Todos definidos por pensamentos e reflexões que nasceram de necessidades e palavras.

Por mais simples que sejam, muitas vezes parecem língua estrangeira para aqueles alheios ao universo em questão.

Identidade tem a ver com uniformidade e singularidade. A uniformidade é a razão pela qual os grupos são formados por indivíduos com perspectivas e objetivos semelhantes, o que os torna compatíveis e comparáveis uns aos outros.

Singularidade é a razão pela qual indivíduos projetam, constroem e defendem sua individualidade para distinguir-se dos outros.

Kobe Bryant e Shaquille O´Neal sempre serão identificados com os Los Angeles Lakers (uniformidade) e são indivíduos que possuem personalidades totalmente diferentes (singularidade).

Assim como Steve Ballmer e Bill Gates na Microsoft ou Phil Knight e Tinker Hatfield na Nike.

Identidade e cultura

Cultura é sobre preparar, desenvolver e proteger o crescimento das pessoas e colher sua criatividade e produtividade.

Não à toa, cultura é algo tão abrangente que inclui do idioma à culinária, passando pelas as crenças e a moral de um povo específico. Esses aspectos são evidências de um modo de pensar e de conduta, são protegidos por tradições, valores, princípios e regras.

E eles são o produto do que foi colhido dos corações, mentes e esforços de muitas pessoas.

Madame CJ Walker, Walt Disney, Steve Jobs, Jay-Z definiram eras dentro de suas áreas e empreendimentos, como Steve Kerr no Golden State Warriors: confira nesse vídeo.

Identidade é o que você é. Cultura é como você vive.

O técnico do Toronto Raptors, Nick Nurse, fala que seu estilo de jogo é “empreendedor” e isso é claramente projetado na quadra, com uma equipe que trabalha duro para vencer o tempo todo, desenvolvendo talentos e encarando os maiores desafios sem temer a derrota.

Coincidência ou não, empreendedor é uma palavra que descreve a evolução do jogo como um todo – cada vez mais, os times abrem mão de posições fixas, priorizando a versatilidade em seus elencos.

Isso soa familiar para você? Deveria.

Frequentemente, assim como nos escritórios, o resultado direto de uma identidade ambígua é um sistema aleatório e improvisado de sustentação, que se torna perceptível pela apatia, falta de entendimento e derrotas.

Você já ouviu falar em ambientes de trabalho assim, não é mesmo?

Quando as pessoas ligam o piloto automático e executam um trabalho sem qualquer inspiração, correto? A ausência do sentimento de pertencimento é palpável.

A incoerência sobre valores, princípios e ética de uma equipe é certeza de incapacidade de realizar um esforço consistente e coeso para a excelência – impossibilitando que a cultura vencedora realmente exista.

Em contraponto, a perpetuidade é a maior prova de que uma cultura existe.

Quando uma cultura persevera por meio de mudanças no comando, de pessoal, objetivos e resultados, significa que é a forma de conduta esperada e aceita pela organização.

Seja nas quadras, seja nos escritórios, quando uma equipe está pronta para expressar sua identidade e a liderança é dedicada à curadoria de uma cultura vencedora, esses aspectos serão definidos de forma distinta e preservados de forma geracional.

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