Por Christine Salomão, jornalista – diretora de conteúdo da ebdi: Era digital: contratação que prioriza as habilidades
Nos últimos anos, temos visto uma mudança significativa nas práticas de contratação. À medida que a tecnologia evolui e as demandas do mercado de trabalho se transformam, as empresas estão começando a priorizar as habilidades dos candidatos em vez de se aterem apenas a diplomas e experiência prévia. Essa abordagem inovadora na contratação tem o potencial de abrir portas para talentos diversos e promover a inclusão em vários setores.
Isso porque ao se concentrarem nas habilidades dos candidatos, as empresas passam a reconhecer que a educação formal nem sempre é um indicador preciso do desempenho no trabalho. Em vez disso, elas estão dispostas a considerar candidatos com históricos diversos, desde que possuam as habilidades essenciais necessárias para realizar o trabalho com eficiência.
Essa mudança de perspectiva beneficia tanto os candidatos quanto as empresas. Afinal, proporciona para os candidatos uma oportunidade de mostrar suas habilidades, independentemente de sua formação acadêmica ou experiência anterior. Isso é especialmente benéfico para aqueles que podem ter adquirido suas habilidades por meio de experiências práticas, treinamentos ou aprendizado autodidata.
Segundo artigo da Harvard Business Review Brasil, “exigências de graduação desnecessárias não prejudicam apenas os trabalhadores. Eles também privam as empresas de talentos e geram pouco ou nenhum benefício. Os gerentes de contratação podem pensar que um diploma de bacharel serve como um bom indicador para habilidades de colaboração, senso de iniciativa e capacidade de pensamento crítico, mas praticamente não há evidências para apoiar essa noção.”
Tanto que “quando uma equipe da Harvard Business School e da Accenture analisou recentemente empregos de ‘qualificação média’ (que exigem alguma educação ou treinamento além do ensino médio, mas não um diploma de quatro anos), eles não encontraram aumentos na produtividade quando esses trabalhos foram realizados por graduados universitários”, informa o artigo, que foi escrito por Alicia Sasser Modestino, Daniel Shoag e Joshua Ballance.
Gestão de talentos que prioriza as habilidades
De acordo com os autores, “as empresas que usam o bacharelado como filtro ao preencher cargos que não o exigem estão contratando de forma ineficiente. Eles também estão negligenciando os trabalhadores de que precisam desesperadamente, especialmente em áreas em crescimento, como a tecnologia, onde a demanda por pessoas com habilidades especializadas supera em muito a oferta. Em um momento em que muitos empregadores estão lutando para preencher vagas e reter sua força de trabalho atual, um mecanismo de controle sem nenhum benefício comprovado cria uma desvantagem competitiva.”
Por muito tempo, explicam os autores, “os requisitos de graduação de quatro anos foram atalhos fáceis, embora ineficazes, que fizeram com que os gerentes sentissem que estavam eliminando talentos menos qualificados. Os dados e o tempo provaram que essa suposição é falsa. Além disso, restringe artificialmente os esforços das empresas para promover a diversidade racial, cultivar o engajamento dos funcionários e gerar um forte desempenho.”
“Quando conversamos com executivos-chefes de empresas que apostam na gestão de talentos que priorizam as habilidades, todos enfatizaram a necessidade de elevar e legitimar o que é essencialmente uma transformação cultural”, contam os autores no artigo. “Tomislav Mihaljevic, CEO da Cleveland Clinic, nos disse que ele tentou garantir que todos em sua organização entendessem o ‘porquê’. Uma abordagem que prioriza as habilidades, diz ele, ‘não pode ser ‘obrigatória’ no sentido clássico da palavra. Isso tem que ser explicado. Em última análise, a única maneira de a cultura se manter e essas mudanças se tornarem permanentes é se elas forem adotadas por toda a organização, não apenas por alguns escolhidos.”
Já Brian Moynihan, CEO do Bank of America, de acordo com o artigo, “faz uma observação um pouco diferente, observando que os líderes devem garantir que os gerentes tenham a liberdade e o apoio necessários para fazer as mudanças necessárias em seus processos, mesmo que isso leve tempo e envolva ineficiências no início. ‘Eu tenho que impulsionar uma cultura que adote isso como uma forma de fazer negócios’, diz ele.”
Leia, na íntegra, o artigo da Harvard Business Review: clique aqui