A infelicidade no trabalho está levando jovens do mundo inteiro ao “Eu me demito”. O fenômeno de demissão voluntária em massa, que começou durante a pandemia de Covid-19 nos Estados Unidos e ganhou até nome: “The Great Resignation” ou “A Grande Renúncia” em português, rompeu fronteiras e já faz parte do cotidiano corporativo de vários países, inclusive do Brasil.
Segundo estudo feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), “de janeiro a maio de 2022, o Brasil registrou 2,9 milhões de demissões voluntárias. O relatório revela ainda que cerca de 50% das pessoas que pediram demissão tinham ensino superior completo. “Já entre quem tem o ensino fundamental incompleto, a proporção de demissões voluntárias foi de apenas 25,4%. Em um recorte de gênero, homens representaram 57,3% do total, enquanto as mulheres responderam por 42,7%”.
Lideradas principalmente por Millennials (pessoas nascidas entre 1980 e 1995) e Geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010), a onda de demissões voluntárias no mundo tem como objetivo melhores condições de empregos, além de programas de carreiras com maior qualidade de vida. Isso porque a maioria dos jovens não aceita o modelo de trabalho vigente.
O que eles querem é trabalhar com propósito, ou seja, abraçar os projetos das empresas por acreditarem que elas fazem diferença no mundo e, consequentemente, dão sentido às suas vidas. Por isso, a demissão voluntária em massa é um manifesto que visa quebrar padrões para construir modelos de jobs mais flexíveis e que valorizem o ser humano.
É como dar um basta aos longos anos de trabalho de gerações passadas, que viviam para o ofício até alcançarem a tão sonhada aposentaria, enriquecendo empresas e deixando de lado suas próprias vidas. Tudo em nome de uma “carreira promissora” e bem remunerada.
Demissão voluntária registra o dobro de pedidos no Brasil
Estudo encomendado pela Você S/A ao Lagom Data – estúdio de inteligência de dados – mostrou que, “mensalmente, meio milhão de brasileiros pediram demissão de forma voluntária entre o início de 2020 e o final do ano passado”. Este índice é o dobro do registrado nos anos anteriores à pandemia.
Para chegar a essa conclusão, “a Lagom analisou quase 188 milhões de registros de movimentações trabalhistas do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), de 2016 até novembro de 2021”. Diante desse cenário, as organizações brasileiras estão tendo que repensar suas formas de trabalho e seus planos de carreira para reter e atrair talentos, tendo a capacitação como uma forte aliada.
Não é à toa que os conceitos de upskilling e reskilling estão em alta. Afinal, eles se referem aos processos de atualização profissional e de aquisição de novas habilidades. E ambos são extremamente necessários nos dias de hoje para que os colaboradores possam aprimorar seus conhecimentos frente aos avanços tecnológicos.
Digitalização, automação e inteligência artificial, por exemplo, já fazem parte da nossa realidade, mas não adianta apostar em tecnologias de ponta sem investir em capacitação profissional. Relatório da Deloitte, por exemplo, sinalizou o upskilling como um imperativo na economia pós-Covid.
Isso porque a pandemia acelerou consideravelmente o processo de transformação digital das empresas e a adoção de novas tecnologias se tornou fator decisivo para se ganhar vantagem competitiva. Mas vale ressaltar que a exigência de atualização urgente não se limita apenas aos negócios, mas se estende aos profissionais.
Leia a matéria: Upskilling e reskilling: por que esses conceitos estão em alta?