Por Christine Salomão, jornalista – diretora de conteúdo da ebdi: Depressão será a doença mais comum no mundo em 2030.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que, até 2030, a depressão se tornará a doença mais comum no mundo, afetando um maior número de pessoas do que qualquer outra condição de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.
De acordo com a OMS, a depressão também será responsável pelos maiores custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com tratamento da população afetada e às perdas de produtividade.
A OMS destaca ainda que os países de baixa renda serão os mais afetados por esse problema, uma vez que registram uma maior incidência de depressão em comparação com os países desenvolvidos.
Ansiedade pode virar depressão
O Brasil possui a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo, segundo o último grande mapeamento global de transtornos mentais, realizado pela OMS. “Cerca de 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica. Em seguida, aparece o Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%), Nova Zelândia (7,3%) e Austrália (7%).”
Mas por que os brasileiros são tão ansiosos? “Índice elevado de desemprego, recorrentes mudanças no rumo da economia e falta de segurança pública são apontados por especialistas ouvidos pela BBC Brasil como principais fatores para a alta prevalência de transtornos de ansiedade na população.”
Vale ressaltar que “quando não tratada corretamente, a ansiedade pode virar uma adversidade e desencadear outros transtornos mentais, como a depressão, que acomete aproximadamente 300 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Saúde mental no trabalho
“Os problemas com a saúde mental no trabalho são responsáveis por grande parte da perda de produtividade dos profissionais e, consequentemente, também interferem nos resultados das empresas”, afirma a OMS. Para o professor da Universidade de Stanford, Jeffrey Pfeffer, autor do livro: Morrendo por um salário”, as medidas paliativas, como salinha da soneca ou exercício de relaxamento, não bastam.
Em 2019, em entrevista à revista Exame, o professor já alertava que “o estresse precisa ser prevenido e não tratado. E alguma coisa tem de ser feita, porque a depressão, a ansiedade e as taxas de suicídio estão crescendo. Cedo ou tarde, isso só vai tornar a situação impossível para os países”. Não é à toa que a OMS sinaliza que em 2030 a depressão se tornará a doença que prevalecerá no mundo.
Agora, existem várias medidas que as empresas podem adotar para prevenir quadros de estresse, ansiedade e depressão no trabalho:
- Crie uma cultura de apoio: promova uma cultura organizacional que valorize a saúde mental e encoraje os colaboradores a falarem sobre o tema. Isso pode ser feito por intermédio de treinamentos e workshops; palestras de sensibilização e campanhas de conscientização.
- Estabeleça políticas de saúde mental: desenvolva políticas claras que abordem a saúde mental no local de trabalho, incluindo o tratamento igualitário e a não discriminação. Garanta que haja canais de comunicação seguros e confidenciais para os colaboradores relatarem suas dificuldades.
- Ofereça programas de suporte: implemente programas de suporte e assistência aos funcionários, como serviços de aconselhamento ou terapia, para que eles tenham acesso a profissionais especializados quando necessário. Isso pode ser feito em parceria com clínicas ou profissionais de saúde mental externos.
- Flexibilidade no trabalho: horários flexíveis, trabalho remoto ou jornada reduzida são extremamente importantes nos dias de hoje para que os colaboradores possam buscar o tão sonhado equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
- Gestão de pessoas: gestores precisam passar por treinamento para que possam identificar sinais de depressão e ansiedade em suas equipes. Eles devem ser capazes de ter conversas abertas sobre saúde mental e encorajar o autocuidado.
- Redução do estigma: trabalhe para reduzir o estigma em torno da saúde mental, criando um ambiente de trabalho inclusivo e apoiador. Incentive a abertura e a empatia entre os colegas, destacando a importância do cuidado com a saúde mental e compartilhando histórias de superação.
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