Economia: desafios para 2022

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Por Claudio Conceição, editor-executivo da revista Conjuntura Econômica e editor-chefe do Blog da Conjuntura. Artigo – Economia: desafios para 2022

O grande desafio em 2022 para as economias avançadas será como administrar as pressões inflacionárias que emergiram em 2021 e como desmontar os fortes estímulos monetários adotados em reação à pandemia, aí incluída a questão de reduzir os balanços dos bancos centrais.

O processo inflacionário mundial tem sido mais persistente e intenso e, consequentemente, a necessidade de normalização da política monetária não será interrompida, sendo um dos principais fatores a movimentar mercados e expectativas este ano.

Para o Brasil, o processo de desaceleração inflacionária deve ser mais doloroso do que em outros países emergentes. A deterioração do arcabouço fiscal e os riscos políticos tornam o custo da desinflação mais custoso para a sociedade.

E, por fim, a nova onda de contaminação, ainda que breve, em um ambiente eleitoral, com desaceleração das atividades cíclicas, pode incentivar reações de política fiscal na direção de mais ampliação de gastos, o que poderia afetar ainda mais negativamente as perspectivas de crescimento.

Grandes desafios para 2022

Este ano deverá ser desafiador e marcado pelo impacto das incertezas eleitorais sobre a economia. Junto ao cenário externo menos favorável, a queda da renda real e os juros elevados, o aumento da incerteza econômica e o recuo da confiança de empresários e consumidores vão comprometer o crescimento brasileiro em 2022, especialmente as atividades mais cíclicas – as mais afetadas pelo aperto monetário e pela piora nas condições financeiras, como mostra o Boletim Macro FGV IBRE deste mês.

O Boletim Macro FGV IBRE deste mês analisa os componentes que devem dominar os debates este ano. Confira alguns deles abaixo.

Pandemia:

• “2022 deve ser marcado pela superação da pandemia, ainda que permaneçam incertezas relativas ao surgimento de novas cepas. A onda de Covid-19 que está sendo causada pela variante Ômicron do coronavírus tem se manifestado de forma muito intensa, mas de curta duração, como mostram os dados da África do Sul e do Reino Unido. Soma-se a isso o avanço da vacinação, com a aplicação de doses de reforço, o que deve evitar um aumento expressivo no número de mortes causadas pela Ômicron. Consequentemente, o recuo relativamente forte nos indicadores de mobilidade observado em janeiro deve ser breve e não será necessário adotar medidas restritivas severas, em que pesem o avanço muito rápido da contaminação e o aumento expressivo no número de casos leves, que podem ter efeitos econômicos no curto prazo”.

• O Boletim prevê um retorno na mobilidade este ano, permitindo a normalização das atividades que foram mais prejudicadas pela pandemia.

Inflação:

• “o grande desafio em 2022 para as economias avançadas será como administrar as pressões inflacionárias que emergiram em 2021 e como desmontar os fortes estímulos monetários adotados em reação à pandemia, aí incluída a questão de reduzir os balanços dos bancos centrais. O processo inflacionário mundial tem sido mais persistente e intenso e, consequentemente, a necessidade de normalização da política monetária não será interrompida, sendo um dos principais fatores a movimentar mercados e expectativas este ano.

• “Para o Brasil, o processo de desaceleração inflacionária deve ser mais doloroso do que em outros países emergentes. A deterioração do arcabouço fiscal e os riscos políticos tornam o custo da desinflação mais custoso para a sociedade. E, por fim, a nova onda de contaminação, ainda que breve, em um ambiente eleitoral, com desaceleração das atividades cíclicas, pode incentivar reações de política fiscal na direção de mais ampliação de gastos, o que poderia afetar ainda mais negativamente as perspectivas de crescimento”.

Eleições:

• “este ano deverá ser desafiador e marcado pelo impacto das incertezas eleitorais sobre a economia. Junto ao cenário externo menos favorável, a queda da renda real e os juros elevados, o aumento da incerteza econômica e o recuo da confiança de empresários e consumidores vão comprometer o crescimento brasileiro em 2022, especialmente as atividades mais cíclicas – as mais afetadas pelo aperto monetário e pela piora nas condições financeiras, conforme já destacamos em edições anteriores do Boletim Macro”. Leia mais no Blog da Conjuntura Econômica: clique aqui.

Leia também – Conter a inflação e reduzir o crescimento: uma faca de dois gumes