Para a ciência atual, a consciência é mero produto das conexões do cérebro, consequência de um aparato físico bem desenvolvido, ao longo de bilhões de anos de evolução. Ou seja, morre o cérebro, morre a consciência. No entanto, será apenas isso?
Para além de pensamentos, sentimentos, emoções, a totalidade do nosso ser está de fato unicamente ancorada no cérebro? Ou ainda, nossa consciência é só efeito colateral de uma estrutura física aleatoriamente aperfeiçoada? Ou, na verdade, é o contrário: o cérebro humano tem se desenvolvido, processo contínuo, em função de criar condições para manifestar uma consciência aprimorada no ritmo da evolução.
Essa provocação original é o ponto de partida de “Acaso Premeditado”, de Osório R. Santos. Psicanalista de formação, livre estudioso da teoria junguiana e da psicologia evolutiva, o autor nos oferece um ensaio filosófico sobre as origens da vida na Terra e da consciência — não apenas a consciência individual humana, mas a consciência inerente a qualquer forma de vida: reinos animal, vegetal e mineral.
A obra mostra que, acessar verdades científicas ― estudadas pela Neurociência, pela Física Quântica ou pela Psicologia ―, de forma mais ampla, conectando dados com percepções, podem criar uma base para o entendimento de elementos da vida que passam a fazer mais sentido.
Consciência X mistério da vida
O autor converge – de maneira rara – filosofia da mente, neurociência de ponta e as teorias recentes da física quântica em uma obra que revela um olhar arguto sobre a relação simbiótica entre todas as vidas da natureza e sobre como a consciência, muito mais que uma exclusividade humana, é um padrão do universo, presente tanto nas redes neuronais do cérebro como nas galáxias do universo.
O interessante é que, na obra, Santos cita muitos casos da expressão da consciência e da inteligência em micro-organismos, aves, elefantes, plantas e ratos rakali da Austrália, por exemplo, que descobrem uma forma de comer sapos venenosos por meio de uma incisão cirúrgica e perfeita. O que nos faz refletir que não somos topo de nada e imitamos artifícios e manobras da natureza.
Afinal, se tudo que constitui o universo é feito da mesma matéria, por que alguns seres são vivos e outros não? Se o universo está se expandindo há mais de 13 bilhões de anos, cobrindo o “nada” de um sem fim de galáxias e planetas, a espécie humana na Terra representa de fato o quê? Somos um mero acaso, efeito colateral sem importância, da evolução da vida neste planeta de condições muito específicas, ou há algum motivo para o nosso cérebro desenvolvido e a nossa autoconsciência?
Preste atenção nos sinais
O psicanalista elenca pequenos sinais que se inter-relacionam, sendo que muitos deles estão conectados por aspectos emocionais: angústia, medo, subjetividade etc. Portanto, há muito que perceber, saber e sentir.
“É curioso imaginar que uma ameba demonstra reação diante de uma incisão ou ao toque. Ou que bactérias compartilham aprendizado em relação aos antibióticos e espalham a novidade entre os seus pares”, diz o autor.
E o que dizer sobre a rede de comunicação que liga os vegetais pelas raízes, tese defendida por respeitados cientistas que se dedicam a estudos sobre essa conexão entre as plantas? Essa é outras reflexões você encontra no livro: “Acaso Premeditado”.
“Acaso Premeditado” – onde encontrar o livro: clique aqui.