Embora o contexto pareça se agravar, sair da crise também faz parte do ciclo. O Guia prático para sobreviver ao coronavírus trará insights sobre isso. Boa leitura!
Para quem não lembra, a última grande crise econômica de proporções mundiais aconteceu há mais de 10 anos.
Na ocasião, a crise desencadeada pela quebra do Lehman Brothers e pela crise no mercado imobiliário norte americano, não afetou apenas a atividade financeira e bancária, como também o emprego, a produção e o comércio internacional.
Estados Unidos, União Europeia, assim como as demais economias industriais e em desenvolvimento sentiram os efeitos severos da contração do crédito global iniciada em 2008/2009.
Esse endividamento em escala mundial também levou diversos países à realização de reformas em seus sistemas de previdência e leis trabalhistas, por exemplo.
Neste processo cíclico de crises, natural num sistema capitalista, a nova contenda econômica provocada pelo coronavírus poderia ser apenas mais número na sucessão de crises de mercado, mas não é bem assim.
Guia prático para sobreviver ao coronavírus
Dois fatores potencializam o efeito Covid-19.
O primeiro deles diz respeito ao aprofundamento dos efeitos causados pela guerra comercial entre Estados Unidos e China.
A disputa entre as duas maiores economias do mundo já vinha levando a uma série de incertezas, afetando as balanças comerciais de diversos países.
Especialmente os grandes exportadores de commodities, como o Brasil.
O segundo ponto que faz desta uma crise sem precedentes é o “eu” caráter humanitário.
O elevado número de mortos e contaminados, o colapso nos sistemas de saúde dos países mais afetados também trazem implicações econômicas que afetam desde as microeconomias até o cenário macroeconômico.
Trazendo para a realidade do dia a dia do business, a necessidade de colocar as pessoas em quarentena, por exemplo, gera uma reação em cadeia que afeta a produção de indústrias e serviços senão de todos, de quase todos os setores.
Além disso, uma série de medidas como a redução do contato entre as pessoas, e o fechamento das fronteiras de alguns países acabam restringindo a atividade econômica nacional e as negociações internacionais, uma vez que provocam escassez de matéria prima e de mão de obra.
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Superando limites
Mas o cenário de crise em si não é novidade para muitos gestores.
De acordo com a última Pesquisa de Crise Global realizada pela PWC, quase sete em cada 10 líderes (69%) sofreram pelo menos uma crise corporativa nos últimos cinco anos.
E o número médio de crises experimentadas nessas empresas é superior a três.
No atual cenário, o COVID-19 testará muitos líderes de negócios até o limite.
Embora o contexto da crise pareça se agravar a cada dia, sair da crise também faz parte do ciclo.
Manter as equipes motivadas, engajadas e produtivas vem sendo o maior desafios de empresas de todos os portes, afetadas pelo efeito coronavírus.
Por isso preparamos uma lista de 06 práticas para você incrementar sua estratégia e manter-se um passo à frente durante a crise.
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Conheça seus Stakeholders
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Em tempos de calmaria econômica, ter uma visão holística da cadeia produtiva já proporciona vantagem competitiva ao negócio.
Em meio à crise do coronavírus, este pode ser o ponto-chave para reduzir o tempo de resposta aos percalços da crise e dar ao negócio o fôlego necessário para a manutenção de suas operações.
Para isso, identificar as demandas, expectativas e interesses dos stakeholders é o primeiro passo para desenvolver essa visão holística do negócio.
Além disso, é necessário conhecer cada ponto da cadeia produtiva (ou de prestação de serviço) e o impacto de cada área na entrega do produto final.
No contexto de uma crise internacional, detectar os insumos importados e seus fornecedores, por exemplo, pode ajudar a planejar um retorno aos impactos de uma possível interrupção no fornecimento.
Para isso, é necessário dialogar e entender os efeitos da crise nestes fornecedores.
Também é necessário entender a forma de organização deles, auxilia nos acordos e na previsibilidade do recebimento destes insumos.
Desta forma, será possível saber como e onde alocar ou realocar os recursos e a força de trabalho necessária para realinhar a operação ao novo desafio.
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Elabore um plano de contingência
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Que o planejamento estratégico é a base de toda e qualquer organização você já sabe.
Mas qual a real necessidade de criar um plano de contingência?
O plano é essencial para reduzir os impactos de incidentes.
Entre eles incêndios, enchentes, falta de energia, ataque de hackers, epidemias e até mesmo vazamentos químicos e atentados terroristas.
O plano de contingência consiste em um planejamento preventivo para nortear as decisões da corporação em momentos de crise, a exemplo dos citados acima.
Um plano de contingência deve incluir a identificação, o mapeamento e a compreensão dos riscos.
A definição do nível de importância de cada risco e sua probabilidade de ocorrência.
Também inclui-se uma análise quantitativa que contemple a avaliação dos impactos e dos efeitos sobre a corporação.
Além disso, é importante definir um protocolo de ações para minimizar os efeitos em caso de concretização da ameaça e estabelecer um plano de monitoramento para acompanhar os processos de prevenção, sejam eles fatores internos ou externos às organizações.
Caso esteja em meio à crise, sem nenhum plano de contingência, priorize a sua criação.
Frente a pandemia do Covid-19, não temos as certezas necessárias para estipular com clareza metas e ações definitivas.
Portanto, planos A, B ou C (com cenários do melhor ao pior frente à o que está acontecendo) fazem-se essenciais para um melhor controle da operação.
Dicas para elaborar um plano de contingência
Converse com colegas de outras companhias e entenda quais são as medidas que estão sendo tomadas por eles.
Em resumo, compare-as com as possibilidades dentro da sua realidade e troque figurinhas.
Sob o mesmo ponto de vista acompanhe também as possibilidades de exceção geradas pelo governo.
Visto que as medidas provisórias lançadas pelo Congresso Nacional podem ajudar na sustentabilidade da operação e do caixa da sua companhia.
Use-as para tomar ações com legalidade e para amenizar a situação, dando uma sobrevida a corporação.
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Analise o impacto no business
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Embora alguns casos permitam uma análise prévia de riscos, a exemplo da queda no fornecimento de uma determinada matéria-prima, dificilmente alguém teria previsto a queda de insumos associada a uma pandemia de coronavírus.
Em casos como este, quando não há como prever as dimensões dos impactos, é importante lançar mão de dados de mercado e realizar projeções.
O levantamento que dará sustentação à análise deve ser feito pelos responsáveis por cada área ou atividade.
Assim sendo, deve conter uma descrição detalhada dos processos (incluindo entradas e saídas), das ferramentas utilizadas, além de uma previsão dos impactos financeiros, regulatórios e operacionais.
Fique de olho em investimentos, gastos e deduções.
Além disso, algumas das ações que devem ser feitas são:
- Análise do histórico da companhia para identificar a capacidade em tempos normais;
- Observação e comparação com a economia do país frente a crise;
- Verificação das ações que estão sendo tomadas pela concorrência;
- Lista de ações planejadas para projetar resultados mais próximos a realidade.
Lembre-se de simplificar o máximo possível e projetar ações com os recursos da forma mais escassa, para evitar surpresas, e não esqueça, meça os resultados com periodicidade.
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Crie canais de comunicação interna
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Quando a crise se instala, seja ela qual for, a demora da empresa na divulgação das informações pode vir a prejudicar ou agravar o clima dentro da organização.
Neste processo, a agilidade em comunicar evita a desinformação e ajuda a reduzir a insatisfação dos funcionários.
Aposte em mensagens claras, objetivas e rápidas que aproximem a corporação de seus funcionários por meio de um discurso que transmita transparência e comprometimento.
Para que esta comunicação seja realizada de forma efetiva, é importante estar atento aos canais de comunicação interna já existentes e à possibilidade da criação de novas formas de comunicação.
Blogs, e-mails, podcasts, intranet estão entre os principais meios de comunicação interna nas empresas.
Além disso, reuniões setorizadas ou a eleição de um porta-voz para cada área pode ajudar em tempos de crises mais graves.
Com toda certeza eles podem ajudar a sanar dúvidas e a criar um clima de segurança dentro das organizações.
Em tempos de coronavírus, é importante manter os colaboradores cientes do posicionamento da organização.
Bem como de suas políticas de contenção de riscos.
Dessa forma evitam a disseminação de fake news, além de preparar os colaboradores para lidar com a situação de forma segura.
Essa comunicação proativa é essencial para gerenciar a percepção pública do surto, minimizar as informações erradas e o pânico.
Especialmente nas organizações que optaram pela continuação de suas atividades por meio de home office.
Uma boa forma de transmitir a segurança da mensagem, também, é ter comunicações vindas do CEO.
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Desenvolva uma inteligência de mercado
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Num sentido geral, a inteligência de mercado tem como objetivo a geração de ideias capazes de aperfeiçoar o negócio e gerar vantagem competitiva.
Esse trabalho só é possível a partir da reunião e do cruzamento de dados de diversas áreas de dentro e fora da organização.
Entre elas: mercado, concorrência, produção, marketing, vendas, entre outros.
Através da inteligência de mercado, é possível identificar tendências como:
- A percepção do consumidor sobre o produto ou serviço;
- Qualidade e preço ofertados;
- Comportamento da concorrência e do mercado;
- Surgimento de novos players e influenciadores.
Em tempos de pandemia e declínio econômico, perceber as tendências reais de mercado pode colocar a empresa no rumo à recuperação antes mesmo da crise chegar ao fim.
Por isso, é tão importante desenvolver essa percepção de mercado.
Vamos a um exemplo mais ou menos hipotético.
Enquanto a situação na China aponta para uma redução na exportação de insumos essenciais à fabricação de eletroeletrônicos aqui no Brasil, a redução do fluxo de pessoas nas ruas também levanta a possibilidade de uma queda nas vendas de celulares, entre outros devices, no comércio brasileiro.
Essas duas informações levam a uma possível necessidade de redução no ritmo das fabricações de eletroeletrônicos no país.
O que reduziria os impactos da falta de acesso aos insumos chineses.
Olhando para o cenário de empresas de menor porte, a Fecomercio-SP alerta:
A diminuição de clientes nas lojas, e o sumiço de produtos de primeira necessidade das prateleiras dos mercados, são alguns dos sinais que demonstram a mudança do comportamento do consumidor.
Em resumo, as empresas devem redobrar a atenção com os custos de manutenção do negócio.
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Flexibilidade e identificação de falhas
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Em momentos de crises, empresas deparam-se com a necessidade de introduzir a modalidade remota de trabalho em sua estratégia.
Esse movimento de adoção em massa da cultura do home office tem atingido em cheio empresas que, ou nunca haviam cogitado a possibilidade.
Ou que se mantinham resistentes ao “Anywhere Office”.
Essa força de transformação em momento de crise demonstra a capacidade de adaptação de empresas e mercados.
Do mesmo modo aponta para a consolidação da flexibilidade nos modelos de trabalho – mais especificamente do home office – como parte integrante do futuro do trabalho.
Mas nem tudo são flores na implementação dessas mudanças.
Acelerar ou até mesmo promover uma ruptura brusca no modelo de trabalho pode revelar algumas falhas a serem resolvidas pela empresa.
A exemplo das dificuldades ou falhas no acesso à informação, a necessidade de ampliação de planos ou upgrade de softwares de gestão de tempo e webconferences, armazenamento em nuvem, entre outros.
Quais lições podemos tirar deste momento?
A crise do coronavirus tem trazido grandes lições ao mundo dos negócios.
É claro que poucas empresas tinham um plano de contingência pronto, ou uma análise de impacto para um evento desta proporção.
Porém, empresas minimamente organizadas quanto aos protocolos de higiene em tempos de surto de doenças transmissíveis, ou prontas para enfrentar a necessidade de migrar rapidamente para o home office, saíram na frente.
Já as empresas que trabalham com Inteligência de mercado também tiveram a oportunidade de sentir as mudanças chegando.
Seja pelo monitoramento do número de casos ou por entender os impactos das recentes oscilações de mercado no seu business.
Num contexto como este, embora seja difícil manter a calma, nunca foi tão importante unir forças e dados para superar uma crise.
Compreender o cenário macro e, a partir daí, planejar os próximos passos para a recuperação mais rápida das operações das companhias.