Inflação cresce no planeta e as expectativas para 2022 não são boas

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Por Claudio Conceição, editor-executivo da revista Conjuntura Econômica

A inflação está corroendo o poder de compra, o endividamento das famílias é crescente, e a confiança empresarial do setor de serviços, medida pela Sondagem do FGV IBRE, teve a sua primeira queda em novembro, depois de seis meses consecutivos de alta.

Desemprego, baixa qualidade da mão-de-obra, alta dos juros, da inflação, incerteza fiscal e política: um rosário de problemas que tem derrubado as previsões de crescimento. O Boletim Macro FGV IBRE revisou para baixo o PIB em 2022: de 1,5% para 0,7%.

As previsões de que poderíamos ter uma recuperação em V, estão desabando, resultado de uma inflação que teima em subir mundo afora, e uma crise mundial de energia, com os combustíveis, com os preços do gás natural disparando pela instabilidade política e tensão entre os Estados Unidos e a Rússia – o governo Biden anunciou, recentemente, que parece ser iminente uma invasão russa na Ucrânia -, o que pode jogar mais lenha na fogueira.

O quadro de instabilidade se agravou com a ameaça do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, de cortar o fluxo dos gasodutos russos que passam pelo país e abastecem a Europa, em resposta à uma disputa com a União Europeia (UE) que envolve sanções comerciais e refugiados. A intervenção de Vladimir Putin acalmou os ânimos, por enquanto.

Recentemente, os Estados Unidos, China, Índia, Japão, Coréia do Sul e Reino Unido – quatro desses países são os maiores consumidores de petróleo do mundo -, anunciaram que vão liberar parte de suas reservas estratégicas de petróleo, numa tentativa de baixar os preços da gasolina que vem pressionando a inflação. No entanto, os preços do petróleo continuaram em alta, já que os valores a serem liberados, segundo analistas de mercado, são pequenos ante a demanda mundial.

Inflação média do planeta este ano deve ser de 3,7%

Levantamento da Bloomberg, publicado no Valor Econômico, mostra que a inflação, que é um problema global, afeta mais os países da América Latina que deve fechar o ano com uma inflação de 11,9%, cedendo um pouco em 2022, para 10,4%. O planeta deve ter uma inflação média de 3,7% este ano, com ligeira queda em 2022, para 3,5%. Ou seja: as pressões inflacionárias devem perdurar ao longo do próximo ano. Estados Unidos e Zona do Euro também enfrentam alta de preços. Com impactos sobre a atividade econômica.

Todo esse imbróglio, mais uma nova onda da COVID-19 que contamina toda a Europa, vai ter impactos severos sobre a atividade econômica, que já vinha dando sinais de desaceleração, como mostram os Barômetros Econômicos Globais Coincidentes do FGV IBRE, que recuaram novamente em novembro, seguindo a tendência de enfraquecimento iniciada no terceiro trimestre. Apesar de manter-se acima dos 100 pontos, o Barômetro Coincidente cedeu em todas as regiões.

Quatro dos cinco indicadores setoriais monitorados pela pesquisa se contraíram em novembro, com a queda mais acentuada na Indústria. A exceção foi o indicador de serviços, que variou positivamente, em 0,2 ponto no mês. Com esse resultado, este setor voltou a registrar o maior nível entre os indicadores setoriais, embora todos estejam oscilando numa faixa estreita, 103 e 109 pontos. Já o Barômetro Antecedente fica abaixo dos 100 pela segunda vez consecutiva, embora com queda menos intensa em novembro.

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