As mulheres e a nossa não-conscientização: Março marca essa data com o Dia Internacional das Mulheres e devemos refletir alguns pontos. Confira aqui!
Este artigo foi escrito por Wellington Silvério, diretor de Recursos Humanos da John Deere para América Latina, especialmente para a ebdi.
As mulheres e a nossa não-conscientização
Março marca os esforços ao desenvolvimento de uma sociedade mais inclusiva e consciente quanto ao valor e papel da mulher como ser humano, profissional, mãe, companheira e detentora de capacidades ímpares quando comparada ao seu algoz de muitas vezes em nossa sociedade: sim, nós, os homens.
Neste mês, além de celebrarmos o Dia das Mulheres e suas valiosas conquistas, deveríamos reconhecer nossa não ou limitada conscientização da importância da mulher no progresso da sociedade.
Quando pensamos em toda a luta secular das mulheres, constatamos, notadamente nas últimas décadas, o quão valiosos têm sido os progressos rumo a uma sociedade mais equânime e inclusiva.
Porém, ao mesmo tempo, com igual ou maior impacto, ainda nos choca a leitura persistente e equivocada da mulher como objeto sexual, frágil, menos capaz e submissa a uma sociedade que impede o florescer ao seu máximo potencial criativo e de adição de valor.
As mulheres e a nossa não-conscientização no agronegócio
Vamos considerar o contexto do setor no qual atuo, o agronegócio, por exemplo.
Mesmo que hoje possamos encontrar mulheres trabalhando em todas as esferas deste segmento, desde o meio rural às indústrias, este ainda é um espaço predominantemente masculino.
É mais um ambiente onde as mulheres precisam romper diariamente barreiras impostas pelos colegas homens e, algumas vezes, até mesmo na esfera familiar.
Como líder de Recursos Humanos, me pergunto diariamente: o que podemos de fato fazer para contribuir nesta busca pela igualdade?
Na John Deere, empresa onde trabalho, começamos pelo estabelecimento de metas.
Até 2022, devemos ter 25% dos cargos de liderança ocupados por mulheres e, para 2025, a meta é 30%.
Afinal, se tanto falamos sobre a importância de abrir espaço para que as profissionais desse segmento possam se desenvolver, qual seria a razão de não vermos todo esse discurso e esforço traduzidos em números na prática do dia a dia?
Contudo, apenas disponibilizar as vagas não é o bastante.
Precisamos também dar voz a essas mulheres, incentivar que se desenvolvam plenamente.
Uma das ações que promovemos na John Deere a fim de combater preconceitos e paradigmas é o WomenREACH.
O grupo é formado e gerenciado por funcionárias para promover a equidade de gênero e incentivar o desenvolvimento das mulheres, trocar experiências e reforçar pontos como inclusão e diversidade na companhia.
As mulheres e a nossa não-conscientização
Mesmo diante de ações como as que citei, ainda ouço homens que fazem as mesmas perguntas de um passado que nos adoece como sociedade:
- Por que falamos tanto em inclusão de mulheres?
- Por que falamos tanto em diversidade?
- Será que, dentro de alguns anos, não serão os homens os excluídos?
Fico me questionando sobre como ainda há em nossa sociedade homens que não entendem que somos plurais, que somos muito melhores quando aceitamos o crescer por meio do coletivo e diverso, que somos plenos ao perceber que na diferença do outro está o nosso aprendizado, de que evoluímos e somos mais quando absorvemos a diferença do outro e que somos menos ao excluí-lo.
Em mais esta oportunidade de conscientização do valor da mulher em nossa sociedade, desejo que possamos sair da singela hipocrisia das lindas homenagens e rosas distribuídas.
Devemos passar ao protagonismo da real atuação como aliados ativos (não só no discurso) na transformação de nossa sociedade, para que, de fato apoiemos as mulheres ao seu real florescimento como ser integral e plural que é.
Ao mesmo tempo, que tenhamos igualmente a dignidade de valorizar a mulher muito além das limitantes lentes de nossa visão míope e possamos, assim, reconhecê-la em seus distintos potenciais, matizes e marcadores sociais como ser um integral e fundamental a pluralidade, que nos permite crescer nos vários coletivos em que estamos inseridos.
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