Por Christine Salomão, jornalista – diretora de conteúdo da ebdi. Empresas familiares: pesquisa PwC
A pandemia fortaleceu a coesão, acelerou o planejamento sucessório e uniu a geração de líderes de empresas familiares em direção a um objetivo: impulsionar o crescimento dos negócios. Foi o que revelou a Pesquisa Global NextGen 2022 da PwC. Segundo o relatório, “a crise aumentou o envolvimento dos futuros líderes na empresa, e muitos disseram que fortaleceu a comunicação entre as gerações. Além disso, 56% dos entrevistados brasileiros (43% no mundo) se sentem agora mais comprometidos com o negócio do que antes da pandemia.”
Segundo Carlos Mendonça, sócio e líder de serviços para empresas familiares da PwC Brasil, “a pandemia acelerou mudanças e a transição de poder em muitas empresas familiares. Nossa pesquisa mostra o desejo da futura geração de líderes de aprender novas competências para impulsionar o crescimento dos negócios em tempos tão incertos e o compromisso dela com a construção da confiança, algo que é uma marca registrada dessas empresas”.
Mas também há uma desconexão nos níveis de responsabilidade, adverte a pesquisa: “antes, era maior do que agora a parcela de membros da futura geração de líderes que recebia oportunidades relevantes nos negócios”. Tanto que em 2019, o relatório Global NextGen da PwC mostrou que 43% dos brasileiros (48% no mundo) disseram que receberam operações internas importantes para liderar. Agora, o percentual é de 17% (28% no mundo).”
Ainda em comparação com 2019, “57% dos líderes (36% no mundo) disseram ser sondados em relação a temas relevantes. Hoje, são 34% (32% no mundo). E 32% (25% no mundo) dizem que é difícil entender como o family office opera.”
Empresas familiares X ESG
O crescimento é uma área complexa para as empresas familiares, com a combinação de elementos emocionais e financeiros. “A regra geral costuma ser: a cada dois anos, o negócio precisa crescer 10% para manter o patrimônio da família em um nível constante, à medida que as gerações se expandem”, explica o relatório. Mas diante de um mercado extremante concorrido e impactado por fatores externos, expandir os negócios não tem sido uma tarefa fácil e os futuros líderes terão que desenvolver seu próprio plano de sucesso.
Foi o que sinalizou Helena Rocha, sócia da PwC Brasil: “em um cenário marcado por incertezas de todos os tipos – guerras, crises sanitárias e econômicas, mudanças climáticas – as empresas familiares precisam estar prontas para reagir e se adaptar rapidamente. A futura geração de líderes entende esse desafio e é capaz de perceber o vínculo existente entre as perspectivas de crescimento do negócio e as questões ESG.”
Afinal, não adianta manter a abordagem habitual, pois os líderes terão que inovar e ter visão estratégica para lidar com esse cenário de incerteza. “Para manter a estabilidade e alcançar o crescimento necessário para obter sua ‘licença para operar’, será preciso superar limites e desafiar uma mentalidade arraigada há anos – a forma como sempre foi feito”, adverte a pesquisa.
A futura geração precisará de novas capacidades, explica o relatório, “além do conhecimento digital para responder às preocupações ambientais, sociais e de governança (ESG): alcançar emissões líquidas zero; gerenciar as novas tendências da força de trabalho à medida que enfrentamos ‘a grande onda de pedidos de demissão’ e identificar novos mercados em um mundo pós-pandemia.”
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