Conter a inflação e reduzir o crescimento: uma faca de dois gumes

Inflação

Por Claudio Conceição, editor-executivo da revista Conjuntura Econômica e editor-chefe do Blog da Conjuntura. Conter a inflação e reduzir o crescimento: uma faca de dois gumes.

Para reduzir a inflação que afetou o mundo no ano passado, a arma a ser utilizada é a subida dos juros. Nos Estados Unidos, o FED já sinalizou que fará isso. Em dezembro, a inflação dos últimos doze meses nos Estados Unidos foi a maior desde 1.982, batendo na casa dos 7%. Outros bancos centrais vão pelo mesmo caminho. Como é o caso do Brasil.

Conter a inflação e reduzir o crescimento é uma faca de dois gumes, se olharmos as altas taxas de desemprego, aumento da miséria, da desigualdade. A Cepal estima que o crescimento do PIB brasileiro será o menor entre os países da América Latina, de apenas 0,5%.  O Departamento Econômico da ONU também prevê esse crescimento. Entre 170 países, o crescimento brasileiro só será maior do que Mianmar e Guiné Equatorial.

A expectativa é como se comportarão os preços este ano. É bom lembrar que o ano passado foi bastante atípico, tanto em termos de crescimento como de inflação, o que, a princípio, não deve ocorrer em 2022. Com a pandemia, houve uma política de estímulos monetários e fiscais, levando a um maior consumo de bens, já que a demanda por serviços ficou limitada pelas medidas de isolamento.

Um ponto de pressão sobre os preços também foi gerado pela quebra da cadeia global de valor, afetando a produção de insumos industriais. A China, por exemplo, com a política de tolerância zero com a Covid-19, fechou portos, reduzindo ainda mais a oferta de insumos industriais.

Na avaliação de Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro FGV IBRE, o mundo não irá experimentar um período de inflação bem mais baixa, pois na época em que tivemos crescimento mundial, na era da globalização, houve um papel muito importante da China exportando uma inflação muito baixa de bens. Hoje, ao contrário, eles também sofrem com problemas inflacionários. Com isso, ainda haverá um período de inflação mundial pressionada por questões de oferta e demanda.

Brasil: inflação mais amena este ano

Alguns fatores devem ajudar a inflação brasileira ser mais amena este ano

• a desinflação que deve ocorrer no mundo

• a redução do choque de energia do ano passado no Brasil pela ausência de chuvas

• a redução do peso dos preços administrados, que devem permanecer acima da meta da inflação, mas abaixo do que se viu em 2021, principalmente pelo arrefecimento dos preços dos combustíveis. O Boletim Macro FGV IBRE tem uma projeção de aumento de 5% nos preços administrados este ano.

Mas se há fatores que ajudam outros atrapalham, puxando a inflação para cima.

• os bens industriais tradables, que estão muitorelacionados com a inflação mundial, embora possam desacelerar, ainda vão pressionar os preços

• a questão cambial, que traz ao cenário de bens industriais com uma inflação mais alta

• a questão climática que pode afetar a produção de alimentos em algumas regiões do país

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Quer se informar mais sobre o tema? Leia: Inflação cresce no planeta e as expectativas para 2022 não são boas.

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