Repensar a remuneração e benefícios rumo ao futuro do trabalho

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Por Christine Salomão, jornalista – diretora de conteúdo da ebdi. Repensar a remuneração e benefícios rumo ao futuro do trabalho.

Repensar a remuneração e benefícios rumo ao futuro do trabalho é essencial para garantir a relevância e atratividade das práticas de gestão de pessoas, além de gerar vantagem competitiva e valor para as empresas. Afinal, os benefícios que fazem a cabeça dos colaboradores atualmente são os voltados para o bem-estar. Já foi o tempo em que uma empresa atraia e retinha talentos por salário. A era digital abriu um leque de oportunidades para quem quer empreender e a crise pandêmica de Covid-19 reforçou ainda mais a importância de se viver com propósito.

E essas mudanças estão gerando sérios problemas para o mundo corporativo, pois as organizações precisam fazer com que seus colaboradores abracem suas missões. Uma tarefa nada fácil quando o trabalho colaborativo ganha cada vez mais força e o engajamento dos times se dará pelo propósito e não pelo valor recebido. Por isso, organizações que investem no bem-estar, na saúde física e mental e na satisfação de seus colaboradores têm nas mãos um catalisador de resultados positivos.

Claro que benefícios básicos, como seguro saúde e odontológico, são desejáveis. Mas existem outros muito mais cobiçados e que fazem toda a diferença, principalmente na hora de contratar. Iniciativas abrangentes de bem-estar, como programas de saúde mental, assistência à parentalidade e flexibilidade de horários, promovem um ambiente de trabalho saudável e apoiam a qualidade de vida dos colaboradores.

Vale ressaltar que organizações que colocam o capital humano no centro de suas prioridades não apenas atrai talentos, mas também os retém, promovendo uma sinergia única que impulsiona o crescimento e o sucesso a longo prazo do negócio. E esse reconhecimento do ser humano como diferencial competitivo representa uma abordagem estratégica que vai além dos números, refletindo a compreensão profunda de que, no cerne de qualquer organização, estão as pessoas que a impulsionam em direção ao futuro.

Não é à toa que um modelo baseado em habilidades e competências, reconhecendo e valorizando as aptidões específicas dos colaboradores, tem ganhado cada vez mais espaço dentro das organizações nos últimos anos. Isso não apenas estimula o desenvolvimento contínuo, mas gera engajamento, além de promover um ambiente onde a aprendizagem é constantemente incentivada.

Segundo relatório da Deloitte, à medida em que as organizações e os colaboradores se adaptam às diferentes formas de trabalho, “as estruturas de remuneração precisam ser flexíveis, adaptando-se às restrições nos orçamentos da organização e considerando as prioridades dos trabalhadores. Ao lado delas, as ‘remunerações motivadoras’ permitirão que as organizações tenham um impacto mais flexível e holístico no desempenho, invistam em talentos, promovam o bem-estar e alinhem os funcionários com a cultura e o propósito da organização.”

Sendo que a flexibilidade financeira surge como um elemento crucial nesse cenário, permitindo que os funcionários personalizem suas compensações de acordo com suas necessidades individuais. Isso pode incluir opções de benefícios flexíveis, bônus personalizados ou outros incentivos que se alinhem às preferências e circunstâncias de cada colaborador.

A participação nos resultados e nos lucros é outra dimensão a ser explorada. Ao implementar programas que compartilham os ganhos da empresa, cria-se um forte alinhamento de interesses entre colaboradores e empregadores, fomentando uma cultura de desempenho coletivo.

Além do desempenho financeiro, a remuneração deve considerar o impacto social e ambiental da empresa. Modelos que integram responsabilidade corporativa à compensação refletem uma abordagem mais holística e sustentável para a remuneração.

O termo “capital humano” refere-se ao conjunto de conhecimentos, habilidades, experiências e valores que os colaboradores trazem para uma organização. Neste contexto, a cultura organizacional se torna a base que nutre e potencializa esse capital, moldando o ambiente de trabalho e influenciando diretamente o desempenho individual e coletivo.

Por isso, uma cultura organizacional sólida e alinhada aos valores da empresa promove um ambiente propício para o desenvolvimento das pessoas e aguça o sentimento de pertencimento. Afinal, os colaboradores se sentem mais engajados quando percebem que suas contribuições são valorizadas e que fazem parte de um propósito maior. Essa conexão emocional impulsiona a produtividade e a inovação, criando um ciclo positivo que se reflete em resultados tangíveis.

E empresas que promovem o aprendizado contínuo e oferecem oportunidades de crescimento demonstram um comprometimento real com o desenvolvimento de seus talentos. Esse aspecto não apenas fortalece as habilidades individuais, mas também contribui para a construção de uma força de trabalho mais qualificada e versátil.

Além disso, uma cultura que prioriza o bem-estar e a inclusão cria um ambiente no qual os colaboradores se sentem respeitados e reconhecidos. O cuidado com aspectos como equilíbrio entre vida pessoal e profissional, diversidade e inclusão, saúde mental e física contribui para a construção de uma comunidade interna coesa e motivada.

Sem falar que diante de uma concorrência tão acirrada, as organizações têm percebido que precisam ir além de produtos ou serviços inovadores e devem investir na construção de uma cultura que valorize e potencialize o ser humano. Cujo objetivo é construir uma força de trabalho motivada, capacitada e alinhada aos valores da empresa para impulsionar a produtividade, a ponto de criar uma vantagem competitiva sustentável.

Como conquistar a tão sonhada felicidade no trabalho? A maior parte das pessoas acredita que o empenho leva ao sucesso. E, se alcançarmos o sucesso, seremos felizes. Será? De acordo com Shawn Achor, autor de “O jeito Harvard de ser feliz”, pesquisas nos campos da Psicologia Positiva e da Neurociência comprovam que a relação entre sucesso e felicidade funciona de maneira inversa, pois é a felicidade que impulsiona o sucesso.

Achor chegou a essa conclusão após pesquisar mais de 1.600 alunos de Harvard e inúmeras empresas da lista Fortune 500, em todo o mundo. Mas para produzir um clima organizacional compatível com a criação e manutenção de uma equipe engajada, motivada, produtiva e feliz, é importante que a liderança da empresa se comprometa a adotar uma abordagem centrada nas pessoas.

Principalmente porque as novas gerações não abrem mão da felicidade no ofício e querem trabalhar com propósito. O que aumenta a importância dos benefícios flexíveis no ambiente corporativo para atrair, reter e motivar colaboradores. Sem falar que a  diversidade no local de trabalho, tanto em termos de idade quanto de estilo de vida, torna essencial a implementação de políticas que atendam às necessidades individuais de cada colaborador.

Ao oferecer opções personalizadas de benefícios, as empresas demonstram um compromisso genuíno com o bem-estar de seus colaboradores. Isso não apenas contribui para a satisfação e o engajamento dos funcionários, mas também desempenha um papel crucial na atração de talentos. E em um mercado de trabalho extremamente competitivo, as organizações que proporcionam flexibilidade e reconhecem a individualidade dos seus membros têm uma vantagem significativa.

A personalização financeira é outra faceta importante dos benefícios flexíveis. A inclusão de componentes como planos de aposentadoria flexíveis e opções de investimento permite que os colaboradores alinhem seus benefícios com seus objetivos financeiros pessoais, promovendo um maior senso de segurança e estabilidade.

O employee experience (experiência do colaborador) tornou-se uma peça-chave no quebra-cabeça do engajamento de equipes na era digital. Mais do que uma mera tendência, essa abordagem coloca o colaborador no centro das estratégias empresariais, reconhecendo que a satisfação e o bem-estar dos funcionários são fundamentais para o sucesso organizacional.

O employee experience abrange todas as interações que um colaborador tem durante sua jornada na empresa, desde o recrutamento até o desligamento. Compreender e aprimorar cada ponto de contato contribui significativamente para o engajamento e a retenção de talentos.

Uma das dimensões cruciais do employee experience é a cultura organizacional. Promover uma cultura que valorize a diversidade, inclusão e colaboração cria um ambiente propício para o engajamento. Os colaboradores se sentem mais conectados e motivados quando percebem que seus valores estão alinhados com os da empresa.

Agora, a formação de uma experiência positiva começa no processo de recrutamento. O alinhamento de expectativas desde o início, a transparência sobre a cultura da empresa e as oportunidades de crescimento são fatores-chave para atrair talentos que se encaixem na cultura e contribuam efetivamente para os objetivos organizacionais.

O desenvolvimento profissional é outro aspecto vital. Oferecer oportunidades de aprendizado contínuo e crescimento pessoal não apenas aprimora as habilidades da equipe, mas também mostra um compromisso tangível com o desenvolvimento individual, fortalecendo o comprometimento dos colaboradores.

As novas tecnologias desempenham um papel significativo na transformação da área de RH e nas relações de trabalho nas empresas. A digitalização e a automação têm introduzido uma série de ferramentas e práticas inovadoras que estão mudando a maneira como as organizações gerenciam seus colaboradores e como os funcionários interagem no ambiente de trabalho.

Tanto que a tendência é que o RH adote cada vez mais novas tecnologias que possam trazer eficiência, aumentar a flexibilidade e proporcionar oportunidades de aprendizado. Mas vale ressaltar que, apesar dos benefícios, as soluções tecnológicas podem criar grandes desafios relacionados à privacidade, equidade e a natureza mais “impessoal” das interações no ambiente de trabalho.

A seguir, confira alguns benefícios tecnológicos e seus impactos nas relações de trabalho:

  • Recrutamento e seleção: plataformas online, como LinkedIn, Indeed e outros sites de emprego, facilitaram a divulgação de vagas e o recrutamento de candidatos. Além disso, a Inteligência Artificial (IA) pode ser usada para a triagem inicial de currículos e a realização de entrevistas automatizadas. Isso economiza tempo e recursos, mas também levanta questões sobre a equidade e a eliminação de preconceitos na seleção.
  • Gestão de talentos: os sistemas de gerenciamento de talentos baseados em nuvem permitem o acompanhamento contínuo do desempenho dos colaboradores, a definição de metas e o feedback regular. Isso pode melhorar o desenvolvimento profissional, mas também pode criar um ambiente de trabalho de alta pressão.
  • Treinamento e desenvolvimento: a aprendizagem online, webinars e cursos de e-learning estão amplamente disponíveis. O que permite que os colaboradores aprimorem suas habilidades de forma flexível, mas requer autodisciplina e pode levar a uma sensação de isolamento.
  • Gestão do tempo e produtividade: ferramentas de gerenciamento de tempo, como aplicativos de rastreamento de produtividade, ajudam a manter o controle das tarefas e horários. Sendo que o uso excessivo dessas ferramentas pode aumentar o estresse e a sensação de vigilância constante.
  • Comunicação interna: plataformas de mensagens e intranets corporativas facilitam a comunicação entre equipes e departamentos, independentemente da localização geográfica. Isso melhora a colaboração, mas também pode levar a uma sobrecarga de informações.
  • Gestão de benefícios e folha de pagamento: sistemas de gestão de benefícios automatizados e folha de pagamento simplificam processos burocráticos. No entanto, questões de segurança de dados e privacidade precisam ser abordadas com muita seriedade.

Os avanços da inteligência artificial (IA) têm o potencial de trazer uma série de benefícios e melhorias para os colaboradores em diferentes setores. Aqui estão algumas maneiras pelas quais a IA pode impactar positivamente as remunerações e o bem-estar dos trabalhadores:

  • Automatização de tarefas repetitivas: a IA pode ser utilizada para automatizar tarefas rotineiras e repetitivas, permitindo que a área de RH se concentre em atividades mais complexas e criativas.
  • Otimização de processos de Recursos Humanos: sistemas de IA podem ser implementados para aprimorar os processos de recrutamento, seleção e avaliação de desempenho. Isso pode garantir que os colaboradores sejam devidamente valorizados com base em suas habilidades e contribuições reais.
  • Personalização de benefícios e recompensas: a IA pode analisar dados individuais e preferências dos colaboradores para oferecer pacotes de benefícios personalizados. Isso inclui planos de saúde, programas de bem-estar e opções de remuneração que atendam às necessidades específicas de cada pessoa.
  • Aprimoramento da capacitação profissional: sistemas de aprendizado de máquina podem ser usados para identificar lacunas nas habilidades dos colaboradores e recomendar treinamentos personalizados. O desenvolvimento contínuo das habilidades pode resultar em promoções e aumentos salariais.
  • Análise preditiva de desempenho: ferramentas de análise preditiva baseadas em IA podem prever o desempenho dos colaboradores e identificar oportunidades de melhoria. Isso pode facilitar a implementação de estratégias proativas para aumentar a eficácia e a eficiência no trabalho.
  • Flexibilidade no trabalho: a IA pode facilitar a implementação de modelos de trabalho mais flexíveis, como o trabalho remoto. Isso pode melhorar a qualidade de vida dos colaboradores, proporcionando-lhes maior autonomia sobre o local e horário de trabalho.
  • Melhorias na saúde e segurança no trabalho: sistemas de IA podem ser aplicados para monitorar condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho. Ao garantir ambientes mais seguros, os colaboradores podem experimentar menos riscos à saúde e, consequentemente, obter benefícios para seu bem-estar.
  • Criação de novas oportunidades de carreira: a evolução da IA cria novas oportunidades de carreira em áreas relacionadas, como desenvolvimento e manutenção de sistemas de IA. Os colaboradores que adquirem habilidades nessas áreas podem se beneficiar com remunerações competitivas.

Adotar a sustentabilidade no ambiente de trabalho envolve a implementação de práticas e políticas que promovam a responsabilidade ambiental, social e econômica. Aqui estão algumas estratégias que as organizações podem adotar para incorporar a sustentabilidade no ambiente de trabalho:

  • Transporte sustentável: oferecer incentivos para o uso de transporte sustentável, como bicicletas, transporte público ou carros elétricos.
  • Implementar programas de carona solidária para reduzir a pegada de carbono relacionada aos deslocamentos dos funcionários.
  • Conscientização e treinamento: promover a conscientização ambiental entre os funcionários; oferecer treinamentos sobre práticas sustentáveis e como os colaboradores podem contribuir.
  • Políticas de compras sustentáveis: priorizar fornecedores que seguem práticas sustentáveis; escolher produtos e materiais com certificações ecológicas.
  • Políticas ambientais e certificações: desenvolver e implementar políticas ambientais que orientem as práticas sustentáveis; buscar certificações ambientais para validar o compromisso com a gestão ambiental.
  • Economia de recursos: adotar tecnologias eficientes em termos de energia e recursos; implementar práticas de economia de água, eletricidade e papel; incentivar a reutilização e reciclagem de materiais.
  • Espaço de trabalho sustentável:  integrar elementos sustentáveis no design do escritório, como iluminação natural e sistemas de ventilação eficientes; Incentivar práticas de redução de desperdício, como a eliminação do uso de copos descartáveis.
  • Flexibilidade no trabalho: promover políticas de trabalho remoto para reduzir deslocamentos; oferecer horários flexíveis para otimizar a eficiência energética do escritório.
  • Responsabilidade Social: envolvimento em iniciativas sociais na comunidade local; apoiar organizações sem fins lucrativos ou causas relacionadas à sustentabilidade.
  • Avaliação e monitoramento: implementar métricas de sustentabilidade para monitorar o desempenho e identificar áreas de melhoria; realizar auditorias ambientais regulares para avaliar o impacto ambiental da organização.
  • Incentivos para colaboradores: criar programas de reconhecimento para funcionários engajados em práticas sustentáveis; oferecer incentivos, como benefícios ou reconhecimento, para aqueles que propõem e implementam ideias sustentáveis.

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