Por Christine Salomão, jornalista – diretora de conteúdo da ebdi. Tendências do Brasil: meios de pagamento.
“O Brasil está na vanguarda da inclusão financeira, graças à liderança do Banco Central do Brasil (BCB) em iniciativas que promovem novas tecnologias de pagamento, interoperabilidade, redução de custos e concorrência aberta. Os pagamentos com QR codeestão ajudando a alavancar as infraestruturas de pagamentos instantâneos, fornecendo acesso fácil e barato a pagamentos digitais, seja por meio de um dispositivo tradicional de POS (sigla em inglês para ponto de venda – PDV) ou de um dispositivo móvel para comerciantes e consumidores”, afirma o Estudo da PwC, intitulado, “Pagamentos: o cenário a partir de 2025. Como caminhar entre a evolução e a revolução”.
“O Pix, modelo de pagamento instantâneo estabelecido pelo BCB, é um sucesso absoluto”, ressalta o relatório. Além disso, “vimos surgir métodos de pagamentos quase instantâneos que usam os trilhos das redes de cartões e são operados por players digitais. Na prática, espera-se que os novos modelos impactem os meios de pagamentos tradicionais com DOC/TED, boleto bancário, cheque e até mesmo com cartões nos próximos cinco anos. Considerando essas infraestruturas e a existência de novos provedores totalmente baseados em nuvem, os bancos já estão reavaliando seus modelos e soluções financeiras.”
Já quanto aos novos marcos regulatórios, o Estudo aponta que: “Modelos simplificados de licenças bancárias, como as Sociedades de Crédito Direto (SCDs) e Instituições de Pagamentos (IPs), trouxeram uma nova competição ao mercado. O Brasil observou a importante expansão das fintechs e, mais recentemente, uma elevada incursão de indústrias tradicionais, como varejistas e telecoms, na criação de empresas de serviços financeiros. Esse ambiente competitivo deve se tornar ainda mais disputado com a conclusão e o amadurecimento do Open Banking brasileiro, que é bastante abrangente, sobretudo quando comparado com outros modelos internacionais.”
As carteiras digitais também se destacam no relatório da PwC. “Vários players estão disputando participação nos pagamentos dos consumidores. Os bancos estatais lançaram carteiras digitais para pagar à população subsídios sociais e relacionados à pandemia de covid-19, além de promover descontos para seus clientes. Isso está ajudando a ampliar a adoção dos pagamentos digitais, especialmente entre pessoas sem experiência com bancos. Marketplaces como, por exemplo, o Mercado Livre, com o serviço “Mercado Pago”, e players digitais como o PicPay estão lançando seus própriosecossistemas, nos quais comerciantes e indivíduos podem fazer negócios e suprir necessidades financeiras pessoais.”
Meios de pagamento: inclusão financeira com a criação do Drex
À medida que novas tecnologias continuam a moldar o cenário financeiro, os esforços passam a se concentrar não apenas na acessibilidade, mas na educação e na criação de oportunidades igualitárias para todos os cidadãos. A convergência entre inovação tecnológica e inclusão financeira está pavimentando o caminho para um futuro financeiramente mais inclusivo e dinâmico em solo brasileiro.
Segundo informações do site oficial do Banco Central, “o BC busca promover a eficiência dos mercados financeiros e a inclusão financeira por meio da criação do Drex, cuja versão de varejo será provida por intermediário financeiro regulado. Na prática, a Plataforma Drex é um ecossistema de registro distribuído (em inglês Distributed Ledger Technology – DLT), no qual intermediários financeiros regulados converterão saldos de depósitos à vista e em moeda eletrônica em Drex, para que os seus clientes tenham o acesso a vários serviços financeiros inteligentes.”
O Real Digital Drex, cujo nome foi lançado em agosto (2023), faz parte da família do Pix, de acordo com o Banco Central, mas a solução não veio para substituir o Pix. De acordo com matéria publicada no InfoMoney, “O Drex é só uma nova forma de representação da moeda física e tem paridade com o real. Embora possa ser considerado uma espécie de ‘primo’ do Pix, por permitir transações instantâneas entre instituições financeiras diferentes, o Drex funcionará de maneira distinta, via DLT (blockchain), e tem um conceito mais amplo.”
Vale ressaltar que em um estudo da Universidade de Harvard, intitulado “Moedas digitais nacionais: o futuro do dinheiro?”, os pesquisadores colocam o Brasil entre os países mais avançados no desenvolvimento da moeda digital própria, o que será uma porta para a inclusão financeira. Isso porque a CBDC (Central Bank Digital Currency – ou Moeda Digital Emitida por Banco Central) será, em um futuro bem próximo, a forma digital da moeda fiduciária de um país. E o Pix é citado no Estudo como um estágio intermediário para a construção da CBDC no Brasil.
Com as CBDCs , ao invés da impressão de notas de papel e da fabricação de moedas de metal, os bancos centrais só terão que se preocupar em emitir tokens eletrônicos, cujos valores serão garantidos justamente pela credibilidade atribuída ao próprio governo, já que todo o processo será coordenado pelo seu principal órgão regulador.
O BIS ( Bank for International Settlements), também conhecido como Banco Central dos Bancos Centrais, de acordo com o Estudo de Harvard, sinaliza que por intermédio das CBDCs será possível melhorar a liquidez permitindo aumentar a velocidade das transações.
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