SAB CIO: “Desmitificando a tecnologia: da essência à disrupção”

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Por Christine Salomão, jornalista – diretora de conteúdo da ebdi. SAB CIO: “Desmitificando a tecnologia: da essência à disrupção.”

O CIO se tornou o protagonista no processo de transformação digital das organizações. Sua atuação é crucial para as empresas se adaptarem às mudanças de mercado e ganharem vantagem competitiva. Afinal, para introduzir e implementar tecnologias inovadoras, o Chief Information Officer precisa ter uma visão estratégica da essência do negócio e ir além dos conhecimentos técnicos.

O olhar macro do CIO, além de minimizar os impactos gerados pela adoção de novas tecnologias, ajuda a identificar e adotar tendências do setor de atuação antes da concorrência. Mas para obter sucesso nessa jornada da transformação digital, ele precisa manter um relacionamento estreito com todos os setores da organização e principalmente com o CEO, afirma Paulo Compri, conselheiro TrendsInnovation da Inova Business School, ao realizar a abertura do SAB CIO 2022, que aconteceu, de 24 a 26 de agosto, no Mavsa Resort, em Cesário Lange, São Paulo, uma iniciativa da ebdicorp.

O executivo, que ministrou palestra sobre o tema: “A ambidestria do papel do CIO”, ressaltou os desafios de se equilibrar as iniciativas de inovação e de sustentação em negócios já estabelecidos.  Segundo um estudo feito pela Harvard Business Review, as empresas que separam as iniciativas de inovação das de sustentação obtém 90% de sucesso em suas iniciativas de inovação. Porém, esta estratégia não é simples de ser implementada.

Por isso, o CIO tem um papel importante na estratégia do negócio. “Ele é o elo de ligação antre alta gestão e as tendências, tecnologias e inovação, seja ela disruptiva ou incremental. Em especial a transformação digital”, adverte Compri.  

“Grandes incidentes de segurança e seus aprendizados” foi outro tema abordado no Encontro, cuja palestra ministrada por Thiago Bordini, head de cyber threat intelligence da AXUR, nos fez refletir como nenhuma corporação hoje está segura no ambiente cibernético.

Isso porque quando os hackers se tornam mais habilidosos, as empresas frequentemente se sentem impotentes, pois seus dados privados e seus principais ativos são vítimas de ataques prejudiciais. “Imagine uma reunião com mais de 40 executivos via Teams e, em um dado momento, um usuário entra na call, compartilha a tela e começa a acessar o seu ambiente e excluir os recursos ao vivo?”, exemplifica Bordini, citando um caso real.

Vale ressaltar que, segundo estudo da Deloitte, mais de 40% das organizações brasileiras já sofreram com ataques virtuais. E nesse recorte, cerca de 90% investiram e reforçaram suas estratégias de cibersegurança apenas após o incidente já ocorrido.

Outro ponto alto do Encontro foi a importância de as organizações estabelecerem parcerias inteligentes e duradouras para inovar e manter sua relevância no mercado. Não é à toa que, para sobreviver no complexo ambiente de negócios do século 21, grandes companhias estão se unindo com empresas de médio e pequeno portes, startups, centros de pesquisas, e até com seus concorrentes visando a criação ecossistemas. Foi o que sinalizou Alexandre Brandespim, CIO do Hospital São Camilo, ao mostrar como o São Camilo vem ganhando vantagem competitiva no mercado ao firmar parcerias estratégicas.

Patrick Oliveira, solutions engineer da Tibco, que ministrou palestra no Encontro intitulada: “Construindo produtos e serviços digitais em uma plataforma ágil de integração”, mostrou as vantagens de se utilizar a plataforma iPass: um  serviço baseado em nuvem que conecta seus aplicativos e dados. 

E quais são as características de um iPaaS?

Um iPaaS é um tipo específico de oferta de Software como Serviço (SaaS) que possui todas as características da nuvem e permite a conectividade entre a nuvem e as fontes locais.  E, normalmente, é acessível de qualquer lugar com uma conexão à Internet por meio de uma interface de usuário baseada em navegador. A partir daí, os usuários autorizados podem criar, implantar, gerenciar e monitorar integrações. 

SAB CIO 2022: O risco de não apostar em tecnologias disruptivas

Agora, o primeiro painel do SAB CIO, que contou com a presença dos executivos: Emanuel Di Matteo da Liferay; Cláudia Anania do Instituto Butantan; Marcio Pires da Unipar; Alexandre Ricoy da Odonto Company e Cláudia Ferraz da Oswaldo Cruz Química nos fez refletir sobre a importância de as organizações investirem em inovação e os riscos que elas correm de não apostarem em tecnologias disruptivas.

Isso porque, segundo pesquisa da Harvard Business Review, empresas que já foram líderes do mercado têm como característica investir em tecnologias para melhorar a experiência e relacionamento com os clientes atuais, mas não se empenham em buscar inovação para atrair compradores e consumidores futuros.

Mas para conhecer realmente seus clientes, as marcas precisam saber usar a TI na jornada de CX. Foi o que mostrou William Helouani, IT CX director da Electrolux, ao ministrar palestra no Encontro. A estratégia, além de ajudar a alcançar níveis mais altos de satisfação com os clientes, reduz a rejeição e aumenta a receita das empresas.

E para construir o mapeamento da jornada do cliente, a empresa precisa elaborar uma estratégia detalhada, que contemple todas as informações sobre o seu público-alvo. A começar pela criação de personas, que são representações semi-fictícias do cliente ideal do seu negócio.

É um perfil que tem nome, idade, gênero, localização, renda, hábitos, interesses, necessidades e dificuldades. Portanto, a organização precisa fazer um estudo do público, realizar a coleta de dados e entender como ele se comporta.

E encerrando as atividades do primeiro dia do Encontro, Taiolor Morais da Youse Seguros, Paulo Rodrigues da Sodexo e Rodrigo Bonfim da Cetelem comandaram o painel: “A influência do Open Everything para as empresas”. Um conceito que visa a abertura de dados através de APIs padronizadas, permitindo que os dados sejam reutilizados ou trocados entre diferentes serviços, além de combinados para compor novos negócios.

Negócio sustentável: política de diversidade, equidade e inclusão

“Quando um ser humano vem ao mundo, a primeira distinção que fazemos é: menino ou menina? E você se acostuma a fazer essa diferenciação ao longo de toda sua vida”, diz Cláudia Marquesani, CIO da Petz, ao abrir o segundo dia do SAB CIO. A citação da executiva que foi dita por Freud, em 1965, nos faz refletir sobre as desigualdades enfrentadas até hoje pelas mulheres no mercado de trabalho.

Em contrapartida, um negócio para ser sustentável na era digital passa, necessariamente, por uma política de diversidade, equidade e inclusão. E não se trata de um diferencial ou visão estratégica da empresa. A diversidade está contemplada nos planejamentos de ESG e é levada em conta até nos IPOs das grandes organizações. 

Além disso, as novas gerações são muito mais conscientes de seus direitos e responsabilidades com questões ecológicas e sustentáveis. Sem falar que um futuro melhor na visão dos jovens é aquele que é mais diverso, equitativo e inclusivo. “Tanto que diversidade e inclusão são mais relevantes para eles que aumento de salários”, ressalta Cláudia.

Outro conflito de gerações que as organizações enfrentam hoje, principalmente para atrair e reter colaboradores, é que novos talentos não abrem mão de trabalhar com propósito. E essa vontade de dar sentido à vida profissional e pessoal, visando o bem-estar, ganhou muitos adeptos com a pandemia, o que contribuiu para o aumento do turnover no mundo corporativo.

E esse foi um dos temas abordados no Encontro durante o painel de debates: “Retenção, cultura e engajamento: como minimizar os problemas com o turnover”, que contou com a participação de Karine Chaves da Junto Seguros; Marcelo Zanatto da Fortbrasil; Célia Poliakovas da Santo Antônio Energia e William Helouani da Electrolux.

Eles contaram suas dores e experiências positivas na tentativa de engajar colaboradores. E ressaltaram a importância de as empresas estimularem um aprendizado constante e uma interação dos times com as lideranças para que os funcionários abracem os valores das companhias.

As novas formas de trabalho: hibrido ou home office também foram citadas pelos executivos no painel, pois esse assunto está gerando muitos conflitos nas empresas. Mas ao invés de tentar colocar regras na quantidade de dias para se trabalhar online, por exemplo, o líderes precisam é redefinir o papel do escritório.

E esse exercício de mudar a cultura para atender às necessidades dos colaboradores vai de encontro ao que disse Wilian Luis Domingues, CIO South America da Merieux Nutrisciences, ao ministrar palestra no SAB CIO: “A primeira coisa que temos que pensar quando falamos de transformação é a capacidade de se adaptar”.

Mas qual é o papel da TI nesta transformação?, indaga Domingues. Segundo ele, a área de tecnologia pode:

  • ser um diferencial competitivo quando algum serviço for visto pelo cliente como comodities;
  • ter literalmente a capacidade de impulsionar qualquer iniciativa digital que a empresa tome como estratégica;
  • gerar um conhecimento profundo ao trazer profissionais das áreas de negócio para a TI;
  • oferecer direcionamento quanto à melhor tecnologia a ser utilizada

Já a palestra ministrada por Tonimar Dal Aba, gerente técnico da Manage Engine, intitulada: “Como usar técnicas preventivas e defensivas para uma segurança cibernética eficaz”, nos fez refletir sobre os riscos eminentes de ataques hackers, que vem tirando o sono de muitos gestores. Afinal, a empresa deve estar preparada para defender e proteger seus dados, sendo que a maior parte não está.

Agora, organizações que exploram com sucesso suas capacidades no digital estão levando vantagem sobre seus concorrentes. Por isso, a adoção de cloud cresce a passos largos no mundo corporativo. Isso porque o armazenamento de arquivos em nuvem, uma das características do cloud computing, é um serviço que disponibiliza recursos para armazenar, gerenciar e proteger arquivos e dados da empresa.

E foi justamente todas essas vantagens, com ênfase na proteção de dados, que os executivos da Multiedro: Alberto Lavenere Wanderley e Juliano Adolfo Fenólio apresentaram durante palestra sobre o tema Cloud Secutity – a visão do Google sobre segurança.

Outro tema abordado no Encontro que vale a pena destacar é “ecossistema de inovação”. Que nada mais é que um conjunto de relações estabelecidas entre diferentes agentes, levando em conta fatores internos e externos, em torno de objetivos comuns de desenvolvimento. Os ecossistemas  são responsáveis por criar um fluxo de conhecimento, tecnologias e recursos entre esses agentes. 

Por isso, “acreditamos que para criar maior valor para seus clientes, parceiros e colaboradores é necessário olhar para o Open Everything, integrando e movendo dados com segurança em um mundo complexo, do novo e do velho”, afirma Claudio Maia, senior presales consultant and solutions architect da  AXWAY, que realizou palestra no Encontro sobre o tema.

Afinal, no mundo dos negócios, o Open Everything é o movimento de integração que, respeitando regulações e diretrizes de segurança, como as leis de proteção de dados, abre e compartilha informações de diversos nichos, como instituições financeiras, de saúde, educação, seguradoras e também clientes que assim o permitam.

Outro ponto alto do Encontro foi a palestra de Jhonny Telles, diretor de transformação digital da LEADCOMM, sobre “Ransomware e arquitetura Zero Trust”. Segundo relatório SonicWall de Ameaças Cibernéticas 2022, o Brasil passou da nona posição no ranking entre os países com maior número de ataques de ransomware em 2020, para o quarto lugar ao longo de 2021. Hoje, estamos atrás somente dos Estados Unidos, da Alemanha e do Reino Unido.

Isso faz com que as empresas busquem cada vez mais segurança, principalmente quando o assunto é cloud jorney. Mas como tornar o caminho para a nuvem ágil, simples e confiável?, indaga Marcelo Marini, account Executive da EQUINIX, ao ministrar palestra sobre o tema.

Segundo ele, um dos pontos importantes “é que a organização encontre equilíbrio em sua jornada com uma cloud híbrida”. Tanto que, de acordo com relatório “2020 State of the Cloud, da Flexera”, cita Marini, “mais de 93% das empresas contam com estratégias multicloud, com 87% delas fazendo uso de clouds híbridas e 41% integrando dados entre clouds.”

E encerrando as atividades do segundo dia do Encontro, Marcelo Zanatto, CIO da FortBrasil, apresentou o case: “Como blindamos nossa empresa de Cyberattacks”.

SAB CIO: Falhas de segurança

Em 2030, segundo pesquisa da Mckinsey , “as empresas perderão cerca de $650 bilhões como resultado de paralisações de sistemas e falhas de segurança”, afirma Raphael Costa,  diretor de engenharia do PAGSEGURO UOL, ao ministrar palestra no Encontro sobre “SRE: conectando operações antigas, produtos e negócios em prol da inovação”.

E acrescenta: “O Gartner prevê que até 2022, 75% das iniciativas de DevOps falharão em atender às expectativas devido a problemas relacionados ao aprendizado e à mudança organizacional.”

No relatório, George Spafford, analista diretor sênior do Gartner, identifica os cinco principais motivos para falhas de DevOps e como os líderes de I&O podem evitá-los. Confira a seguir:

1 – DevOps não fundamentado no valor do cliente

“As organizações geralmente lançam esforços de DevOps com consideração insuficiente dos resultados de negócios. Os líderes de I&O precisam garantir que a equipe e os clientes se conectem com o termo “DevOps” e o valor que ele trará, antes de introduzir a iniciativa.”

Solução: “Use o marketing para identificar, antecipar e entregar o valor do DevOps de uma maneira que faça sentido para os negócios. “Os líderes de I&O devem buscar refinar sua compreensão do valor do cliente em um negócio em andamento para desenvolver capacidades e permitir ainda mais mudanças organizacionais, diz Spafford.”

2 – Mudança organizacional não gerenciada

“Na pesquisa de DevOps da Gartner 2017, 88% dos entrevistados disseram que a cultura da equipe estava entre os três principais atributos relacionados a pessoas com maior impacto na capacidade de sua organização de dimensionar o DevOps. No entanto, as organizações ignoram a importância de envolver sua equipe com a próxima mudança e, em vez disso, concentram os esforços nas ferramentas de DevOps.”

Solução: “As ferramentas não são a solução para um problema cultural, diz Spafford. Identifique candidatos com a atitude certa para adotar práticas de DevOps. Indivíduos que demonstram os valores centrais do trabalho em equipe, responsabilidade e aprendizado ao longo da vida serão fortes jogadores de DevOps.”

3 – Falta de colaboração

“Esforços de DevOps bem-sucedidos exigem colaboração com todas as partes interessadas. Na maioria das vezes, os esforços de DevOps são limitados a I&O. As organizações não podem melhorar seu tempo de retorno por meio de grupos descoordenados ou focados exclusivamente em I&O.”

Solução:  “Quebre as barreiras e crie uma atmosfera de equipe. Equipes variadas devem trabalhar juntas, e não em silos descoordenados, para otimizar o trabalho. “Isso pode começar com a procura de um executivo que possa conduzir as equipes e defender o esforço, diz Spafford.”

4 – Tentando fazer muito rápido

“É importante perceber que uma abordagem big-bang – em outras palavras, lançar o DevOps em uma única etapa – vem com um enorme risco de falha. O DevOps envolve muitas variáveis ​​para que esse método seja bem-sucedido em uma grande organização de TI.”

Solução : “Use uma abordagem incremental e iterativa para implementar o DevOps para permitir que a organização se concentre em melhorias contínuas e garanta que todos os grupos estejam colaborando. Spafford recomenda começar com um grupo politicamente amigável para socializar o valor do DevOps e reforçar a credibilidade da iniciativa.”

5 – Expectativas irreais de DevOps

“Semelhante à luta para fundamentar as iniciativas de DevOps no valor do cliente, existe uma desconexão em muitas organizações entre as expectativas de DevOps e o que ele realmente pode oferecer.”

Solução: “Gerencie as expectativas concordando com objetivos e métricas. Use o marketing para identificar, antecipar e satisfazer o valor do cliente de maneira contínua. O gerenciamento de expectativas e o marketing são esforços contínuos, não um caso único.”

Além disso, fique de olho na satisfação do cliente. “Uma experiência digital ruim pode encurtar o relacionamento”, afirma Edson Oliveira , head  customer  experience  products  LATAM | HCL Software, ao realizar palestra no Encontro. A citação é uma das conclusões da pesquisa realizada pela Digital Marketing Magazine Apr 2020: “Defining digital – what consumers expect from a Digital Experience” by Sonja Kotrotsos.

De acordo com o relatório, mais de 60% dos entrevistados disseram que “nunca” ou “provavelmente” continuarão comprando com uma empresa após uma única experiência ruim em seu site, aplicativo móvel ou outras plataformas.” Por isso, um dos quesitos de sobrevivência das marcas hoje é entender o comportamento dos seus potenciais clientes. A maioria deles dá sinais de mudanças com os avanços digitais e não vão ficar esperando as empresas se adequarem.

Hiperautomação

A hiperautomação é de grande importância para as empresas porque retira gargalos que suscitam ineficiências às operações corporativas, além de gerar vantagem competitiva. Por isso, em um futuro bem próximo, será quase impossível administrar um negócio sem combinar ferramentas de inteligência artificial com RPA (Robotic Process Automation).

E foi justamente isso que mostrou Eduardo Mendes, CTO da RENAULT- NISSAN- MITSUBISHI, ao ministrar a palestra: “O que podemos esperar do mercado com o advento da hiperautomação?. De acordo com pesquisa da Gartner, até 2024, as empresas começarão a adotar pelo menos três dos 20 tipos de softwares agonísticos de processos que permitem hiperautomação.

E encerrando as atividades do SAB CIO, os executivos Marcos Peron , CTO | AmPm / Ipiranga , do Grupo Ultra e Leandro Ortunes , diretor de educação à distância da FECAF, nos fizeram refletir como é difícil construir um relacionamento mais humanizado com os clientes frente às novas tecnologias.

Principalmente porque estamos caminhando para um “mundo em imersão”, cuja realidade aumentada, que é a interação entre ambientes virtuais e o mundo físico, já fazem parte do nosso cotidiano. E a tendência é que tecnologias como Metaverso, Blockchain e IA criem experiências sem limites para os usuários, que por sua vez se voltarão para modelos de negócios disruptivos.

Para se aprofundar sobre esses e outros temas de extrema importância para o setor de TI, participe do SAB CIO 2023. Elaborado pela ebdi, o Encontro reúne, anualmente, em uma imersão de três dias, 50 líderes das organizações mais influentes do país. O objetivo é acelerar o crescimento das companhias diante da transformação digital. Confira o calendários de Encontros da ebdicorp.