Profissões em alta em 2023

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Por Christine Salomão, jornalista – diretora de conteúdo da ebdi. Profissões em alta em 2023.

Considerando o contexto atual do mercado de trabalho, o InfoMoney contatou três consultorias de carreira: Robert Half, Robert Walters e Korn Ferry, e o site de empregos Indeed, e ouviu os especialistas que destacaram: as profissões em alta em 2023. Foram selecionadas seis grandes áreas do mercado de trabalhado: finanças e mercado financeiro, área jurídica, logística, recursos humanos, tecnologia e vendas e marketing.

No setor de finanças, os destaques são para os cargos que exigem mais experiência na administração do negócio, como o diretor financeiro (CFO) e o coordenador de controladoria. Isso porque as empresas precisarão continuar cuidando da saúde financeira se quiserem continuar sobrevivendo diante de um cenário econômico mundialmente incerto.

Já no mercado financeiro, sinaliza o estudo, “o segmento de fusões e aquisições deve ter alta demanda por gerentes e analistas de M&A. E na área comercial, o destaque fica para o gerente de relacionamento com o cliente institucional e pessoa física, que seria o assessor de investimentos.”

De acordo com o estudo, “as fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no mercado brasileiro perderam fôlego em 2022 na comparação com o ano passado — tanto em volume quanto no tamanho do cheque: uma queda de 14%. No entanto, as negociações de janeiro a outubro superaram com folga 2019 e 2020, o que indica um novo patamar de M&As no país, a partir deste ano.

Profissões em alta em 2023: segmento jurídico

O segmento jurídico, de acordo com o estudo, está em alta. “Pelo setor de M&A estar aquecido, toda a parte jurídica de contratos também está. Importante ter um advogado na equipe supervisionado os processos jurídicos de uma fusão ou aquisição. Além disso, as empresas são de países diferentes e ter um advogado especializado no tema auxilia muito”, afirma Fabiano Kawano, da Robert Walters.

Leonardo Berto, da Robert Half, complementa explicando que advogados que atuam no direito tributário também serão demandados. “As companhias estão buscando avaliar as oportunidades fiscais para reduzir eventuais custos nessa direção. Toda compra e venda de ativo na empresa também tem uma carga tributária, e a demanda para esse profissional está em alta”, ressalta ele.

Vale ressaltar que esses profissionais, segundo o estudo, podem ser contratados diretamente pelas empresas ou podem estar em escritórios que prestam serviços para as companhias.

Outro destaque é para o setor de logística. “A Lei das Ferrovias, logística nos portos, varejo com o e-commerce e bens de consumo devem movimentar o segmento de logística. Transportadoras, centros de distribuição e empresas que fazem o last mile (que entregam a compra no portão do consumidor), além de funções de compra e venda de suprimentos na área de logística devem demandar profissionais para 2023″, diz Berto.

Além disso, Kawano destaca que a cadeia de suprimentos também passou por uma transformação durante a pandemia. “Percebemos que não podemos mais depender apenas de cadeias internacionais, em uma crise como a pandemia. Se não existem cadeias regionais, muitos serviços param. Então, as empresas do setor estão trabalhando nesse desenvolvimento regional e devem demandar profissionais também”, comenta.

Tanto que foram citados no estudo a demanda por diretores, gerentes e analistas de supply chain, compradores, coordenadores, supervisores de logística e engenheiro de projetos.

Recursos Humanos e Tecnologia: demanda alta por profissionais

A área de recursos humanos ganhou protagonismo em meio à pandemia e segue sendo um dos destaques para 2023, ressalta o estudo. “Afinal, administra o ativo mais importante para os negócios: as pessoas.”

“O time de RH acompanha a transformação da empresa e cada vez mais ganha uma série de atribuições: precisa atrair e reter talentos, manter clima organizacional, trabalhar diversidade (de gênero, racial, pessoas com deficiência) na empresa, organizar a estrutura de remuneração em meio à escassez de talentos, promover engajamento mesmo com os funcionários trabalhando de casa. Não é um trabalho fácil e é estratégico para a empresa manter seus talentos”, avalia Felipe Calbucci, do Indeed.

Na opinião dos analistas, posições da área, entre elas, “o analista de remuneração, analista de diversidade, analistas de recrutamento, business partner (profissional que atua na conexão do RH com outras áreas da empresa), e também da gestão, como o gerente de RH, e o diretor de RH devem estar em alta em 2023.”

E como não podia deixar de ser, o setor de tecnologia segue em alta no próximo ano. “Muito demandado diante das transformações digitais aceleradas pela pandemia, os profissionais da área estão sendo requisitados e vão encontrar salários inflacionados”, ressalta o estudo.

“Muito pressionado do ponto de vista da oferta, as empresas estão brigando pelos profissionais de tecnologia. Você precisa de profissionais que tenham as skills técnicas muito bem desenvolvidas, para programar, por exemplo, mas que também aprendam muito rápido porque há novidade todo dia e é necessário se adaptar. Vagas de gestão na área de tecnologia também estão demandando muito porque, via de regra, o profissional tem perfil técnico, então, um gestor nessa área é diferencial”, diz Berto.

Nos últimos dois anos, as empresas corriam para buscar desenvolvedores. “Se você não encontrava no mercado, identificava a aptidão e treinava esse profissional para ser um desenvolvedor júnior, o que foi suficiente durante algum tempo. Mas, agora, as empresas buscam profissionais mais experientes, não querem esperar seis meses ou um ano para essa pessoa se adequar”, comenta Calbucci. Nesse cenário, profissionais de tecnologia com aptidão para gestão de times também vão se destacar.

Apesar de ser um setor ainda muito aquecido, empresas de tecnologia tiveram um 2022 turbulento, com muitas demissões, especialmente entre BigTechs e startups, destaca o estudo. “O setor vai contratar porque precisa de profissionais e enfrenta uma escassez de talentos, mas não vai ter um boom de vagas como aconteceu nos últimos dois anos. Entendo que vai estabilizar um pouco o ritmo em 2023. O cenário macro de juros altos e investidores mais cautelosos reduz o ritmo de captação das empresas e faz com que as empresas desacelerem as contratações”, avalia Kawano.

Vendas e marketing

“Toda empresa precisa vender bem seu produto ou serviço. Os profissionais de vendas e marketing estão sendo bastante demandado, considerando que em 2023 as empresas querem voltar a crescer e ampliar suas atuações se afastando cada vez mais do período turbulento da pandemia”, afirma Berto.

Na opinião de Calbucci, “as vendas online mudaram de patamar com a pandemia, e o canal digital é importante para boa parte das que querem aumentar o faturamento em 2023”. Entre as posições destacadas pelos analistas estão “vendedores, o gerente de vendas, executivo de contas, analista de marketing digital, analista de CRM (Customer Relationship Management), analista de inteligência de mercado e gerente de e-commerce.”

Empregos em home office devem seguir em alta?

Os especialistas também mencionaram o home office no estudo, pois esse é um fator importante no tabuleiro das contratações. Isso porque o modelo de trabalho é desejado por 71% dos trabalhadores. “O trabalho remoto veio para ficar. Há uma demanda dos profissionais, que buscam ao menos pelo formato híbrido. E as empresas estão tentando entender como conciliar essa demanda com a preservação e o fortalecimento da cultura da empresa”, explica Calbucci.

Mas a discussão abrange uma camada específica de profissionais, que geralmente atuam em áreas administrativas, ou no mundo corporativo. “Profissionais de atividades essenciais, como hospitais, ou com funções em fábricas, centros de distribuição, e alguns cargos de vendas não têm como fazer home office”, diz Calbucci.

Para Kawano, nessa lista de ponderações citadas no estudo, também entram o cargo do profissional, a empresa e a cultura corporativa. “Vemos muitas empresas ainda cautelosas com o home office, especialmente, para cargos de liderança. Contratar um CFO, por exemplo, ou um novo diretor industrial são cargos que as empresas exigem o presencial. Conhecer essas pessoas presencialmente é estratégico. As companhias estão estudando e tentando entender qual o melhor modelo, sempre considerando as questões trabalhistas.”

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