Redes sociais e seus impactos na saúde mental

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Por Christine Salomão, jornalista – diretora de conteúdo da ebdi. Redes sociais e seus impactos na saúde mental.

Vivemos em uma era onde a tecnologia e as redes sociais se tornaram partes intrínsecas de nossas vidas. A facilidade de acesso à informação, a conexão com pessoas ao redor do mundo e a oportunidade de expressar opiniões são apenas algumas das vantagens que as redes sociais oferecem. No entanto, essa constante exposição digital e o consumo rápido de informações também têm levantado preocupações sobre os impactos na saúde mental.

Principalmente devido a busca das pessoas por aprovação e comparação constante, que tem gerado ansiedade e depressão. A espera por “curtidas” e comentários nas redes sociais, por exemplo, pode  criar um ciclo vicioso de busca por validação. A contagem de curtidas muitas vezes se torna um medidor de popularidade e autovalor, o que pode impactar negativamente a autoimagem de uma pessoa. Isso porque a falta de interação virtual pode ser interpretada como rejeição, contribuindo para sentimentos de solidão e isolamento.

Por isso, embora as redes sociais possam conectar pessoas de todo o mundo, também há preocupações sobre como essas conexões virtuais podem afetar as interações interpessoais no mundo real. O excesso de tempo gasto nas redes sociais pode levar à diminuição das interações face a face, resultando em sentimentos de desconexão social e falta de apoio emocional real.

Sem falar que o “Fear of Missing Out” (medo de ficar de fora), que é um fenômeno em que as pessoas sentem que estão perdendo experiências significativas que outros estão vivenciando, é um sentimento frequentemente exacerbado pelas atualizações constantes nas redes sociais. E isso pode gerar ansiedade e uma sensação de estar sempre “por fora”, incentivando a participação constante nas plataformas online.

Redes sociais: cyberbullying e intimidação online

A anonimidade proporcionada pela internet muitas vezes encoraja comportamentos negativos, como cyberbullying e intimidação online. As vítimas dessas formas de agressão podem experimentar níveis significativos de estresse, ansiedade e até mesmo depressão. O ambiente digital nem sempre oferece os mesmos mecanismos de proteção que o mundo real.

Por isso, é crucial reconhecer a importância das redes sociais, mas também estabelecer limites saudáveis para o seu uso. A conscientização sobre o tempo gasto online e o impacto emocional das interações virtuais é o primeiro passo para mitigar os possíveis efeitos negativos. Tirar intervalos regulares das redes sociais, promover interações pessoais significativas e focar em atividades offline também são estratégias eficazes.

É importante também que façamos uma reflexão sobre quanto do nosso tempo estamos doando para as redes sociais e se está sendo benéfico ou não. Essa avaliação é fundamental para abordarmos essas plataformas de maneira consciente, priorizando a conexão real, estabelecendo limites e cuidando da nossa saúde emocional. Isso porque a  sociedade da informação, que nos rouba a atenção e grande parte do nosso dia, exige equilíbrio para que as interações online não comprometam nosso bem-estar offline.

Pesquisas feitas na Grã-Bretanha, totalizando 84 mil pessoas, sinalizaram que “à medida que o uso de mídia social entre os adolescentes explodiu nas últimas duas décadas, também aumentaram as taxas de depressão, ansiedade e suicídio, levando os cientistas a se perguntarem se essas tendências marcantes podem estar relacionadas.”

Alguns sugeriram que as mídias sociais podem ter um efeito indireto na felicidade, substituindo outras atividades, como interações pessoais, exercícios ou sono, que são cruciais para a saúde mental e física. O uso pesado de redes sociais parece perturbar, por exemplo, os padrões de sono dos adolescentes.

Em entrevista para o Jornal da USP, a professora Henriette Tognetti Penha Morato, do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do Instituto de Psicologia da USP, afirmou que “o uso intenso das redes sociais suga os usuários e leva a uma elaboração ficcional da realidade”.

Segundo ela, nas redes, as pessoas buscam alterar virtualmente o que não consideram satisfatório na vida real. “Cada um tenta dizer as coisas da maneira como vê e às vezes provoca para ver como é que vão reagir. É uma distorção criada para modificar a própria realidade com a qual não se está satisfeito ou criada para provocar alguma coisa”.

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