SAB CEO 2024: Liderar em tempos incertos exige uma mentalidade aberta à mudança e à inovação

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Por Christine Salomão, jornalista – diretora de conteúdo da ebdi. SAB CEO 2024: Liderar em tempos incertos exige uma mentalidade aberta à mudança e à inovação.

Em um mundo em constante transformação, a liderança eficaz e inspiradora é fundamental para conduzir organizações rumo ao futuro, especialmente diante das incertezas que permeiam o presente. Mas liderar em tempos incertos exige uma mentalidade aberta à mudança e à inovação. E o status quo, muitas vezes, é o maior inimigo da evolução, tornando-se uma barreira para o crescimento sustentável das companhias.

Por isso, até mesmo por uma questão de sobrevivência dos negócios, os CEOs devem estar dispostos a desafiar as práticas convencionais buscando novas abordagens e soluções. Afinal, a longevidade dos negócios está intrinsecamente ligada à capacidade de adaptação e resiliência. E os líderes devem estar preparados para lidar com as incertezas do mercado, ajustando estratégias conforme necessário. Isso envolve a habilidade de identificar tendências emergentes, antecipar mudanças e responder rapidamente a desafios imprevistos.

Mas quando a gestão, ao invés da liderança, é priorizada, a ênfase é colocada em processos, procedimentos, controle e monitoramento, o que  resulta em uma cultura organizacional hierárquica e altamente burocrática. E a consequência disso é que a atenção se volta predominantemente para questões internas, como a entrega de resultados de curto e médio prazos.

Com isso, os gestores ficam encarcerados  em  zonas de conforto, se preocupando apenas com seus desempenhos individuais, ou seja, objetivam entregar as melhores performances (sinalizando que tudo está indo bem). Uma ilusão corporativa que torna os CEOs cegos para ameaças e oportunidades externas, pois somente uma liderança visionária, focada em pessoas, consegue ir além da gestão presente para romper a inércia e motivar os colaboradores rumo à transformação.

Um terço dos CEOs no Brasil e no mundo, de acordo com a pesquisa da PwC – 26ª Global CEO Surve, “não acredita que suas organizações serão economicamente viáveis em dez anos caso se mantenham no rumo atual – o que exige investimentos urgentes na transformação dos seus negócios. Ao passo que devem transformar o futuro, a maioria lida com as questões de curto prazo.”

De um lado, aponta o relatório, “a grande maioria dos CEOs considera vital reinventar seus negócios para o futuro em um mundo de disrupção e inovação. De outro, eles se mobilizam para enfrentar um cenário atual com instabilidade econômica global, inflação, rupturas nas cadeias de suprimento e conflitos geopolíticos.”

Ainda segundo a pesquisa, “no Brasil e no mundo, 73% dos CEOs acreditam que a economia global sofrerá uma desaceleração nos próximos 12 meses. Apesar disso, uma parte importante dos CEOs de alguns países prevê que suas economias locais terão trajetória contrária e também acredita no crescimento da receita de suas empresas – especialmente os brasileiros.”

Abaixo, outras pesquisas recentes de consultorias renomadas que apontam a geopolítica, inflação, entre outros problemas da economia e seus reflexos nos negócios, como principais preocupações dos CEOs:

Estudo Fortune/Deloitte CEO Survey 2023: dos CEOs entrevistados, 57% indicaram instabilidade geopolítica e57% declararam a inflação como os principais fatores externos esperados para influenciar ou atrapalhar sua estratégia de negócios nos próximos 12 meses.

KPMG /pesquisa CEO 2023: geopolítica, inflação e as taxas de juros recordes que aumentam os custos para as empresas e consumidores são os principais riscos percebidos pelos CEOs .

“O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”. A frase dita por Alvin Toffler, escritor e futurista norte-americano, enfatiza a necessidade de sermos flexíveis em nossa abordagem ao conhecimento e ao aprendizado contínuo, reconhecendo que é essencial o compartilhamento do saber para prosperarmos frente aos avanços tecnológicos.

Mas a maior parte dos CEOs, atualmente, tem medo de mostrar vulnerabilidade, pois envolve a disposição de admitir imperfeições, inseguranças e fraquezas, o que pode ser difícil para pessoas que anos atrás eram vistas como exemplos de força e confiança. E isso os torna pouco flexíveis e resistentes ao novo. Sendo que em um mundo disruptivo é praticamente impossível liderar sem a troca de ideias, de conhecimento, pois nenhum ser humano tem respostas para enfrentar tantas mudanças.

Principalmente porque à medida que as empresas adotam novas tecnologias, modelos de negócios e estratégias digitais, é inevitável que ocorram erros ao longo do caminho. E esses erros não devem ser vistos como fracassos, mas sim como oportunidades de aprendizado, sendo que a cultura organizacional desempenha um papel fundamental nesse processo de os CEOs reconhecerem, sem nenhum constrangimento, que não sabem como agir; qual caminho seguir; diante de situações complexas.

Por isso, o medo de errar tão enraizado na cultura organizacional da maior parte das empresas brasileiras desencoraja que os colaboradores busquem soluções inovadoras, o que inibe o crescimento e as possibilidades de se reinventar os negócios rumo ao futuro. Por outro lado, organizações voltadas para a experimentação, além de atraírem e reterem talentos, se adaptam mais facilmente às transformações do mercado.

A disrupção tecnológica não é um conceito novo, mas sua velocidade e amplitude têm aumentado exponencialmente nos últimos anos. Tecnologias como inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT), blockchain e realidade aumentada estão remodelando indústrias diversas – saúde, finanças, transporte e varejo.

Por isso, as tecnologias disruptivas têm o poder de transformar indústrias inteiras, remodelando modelos de negócios e redesenhando o cenário competitivo. E essas inovações não apenas automatizam processos existentes, mas também criam novos produtos, serviços e mercados, revolucionando a forma como fazemos negócios. E é por isso que os CEOs estão cada vez mais dispostos a abraçar essa revolução tecnológica.

E eles não são apenas responsáveis por tomar decisões estratégicas, mas também por liderar suas equipes na adoção e implementação dessas tecnologias disruptivas, o que não é uma tarefa fácil. Além do investimento em novas tecnologias exigir uma visão estratégica de longo prazo, os CEOs precisam estar dispostos a assumir riscos calculados, experimentar novas abordagens e, sim, estar preparados para lidar com fracassos.

Isso porque a inovação nem sempre é um caminho livre de obstáculos, mas é através dela que as oportunidades reais de crescimento se materializam. Tanto que várias empresas que estão sendo lideradas por CEOs que compreendem a importância da inovação disruptiva ganham cada vez mais mercado. A exemplo de Elon Musk, da Tesla, que busca transformar a indústria automobilística com veículos elétricos e autônomos. E Tim Cook, da Apple, que continua a expandir o império da empresa com produtos que atiçam o desejo de compra das pessoas, como o iPhone e a Apple Watch.

Vale lembrar que quando Cook assumiu o cargo de CEO da Apple no lugar de Steve Jobs, há quase 12 anos, grande parte das pessoas pensou que a empresa já estava no auge. Mas sob o comando de Cook, de acordo com matéria da CNN Brasil: “o valor de mercado da Apple aumentou mais de 700%, para quase US$ 3 trilhões.” O que reforça a força de uma liderança robusta, que aposta na melhoria contínua aproveitando todas as oportunidades dadas pela inovação.

E a maioria dos líderes hoje também busca expandir os negócios trilhando o caminho da inovação. Foi o que sinalizou o Estudo “Fortune/Deloitte CEO Survey 2023”, ao mostrar que a maior parte dos CEOs continua “a explorar e investir em tecnologias emergentes, mantendo o curso da estratégia de negócios enquanto gerenciam os desafios de implementação, desde habilidades da força de trabalho até casos de uso aplicáveis ​​e maturidade tecnológica. Na verdade, 83% dos CEOs afirmaram que provavelmente alinharão as habilidades e o treinamento da força de trabalho à luz das rápidas mudanças tecnológicas.”

Além disso, de acordo com o relatório, “dado o impacto da tecnologia emergente na forma como o trabalho é realizado, nos próximos seis meses, 52% dos CEOs afirmaram que provavelmente mudarão as expectativas de onde o trabalho é realizado (por exemplo, no local, híbrido, remoto), enquanto quase 50% dos CEOs indicaram que provavelmente considerariam pausar ou ajustar a contratação.”

O Estudo da Fortune e Delloite mostrou também que “setenta e nove por cento dos CEOs acreditam que a Inteligência Artificial generativa aumentará a eficiência, e metade dos CEOs entrevistados (52%) acredita que aumentará as oportunidades de crescimento. Finalmente, mais de um terço (37%) está atualmente implementando IA generativa em algum grau”.

Os CEOs reconhecem que a IA está se tornando uma força transformadora em diversas indústrias por redefinir a forma como as empresas operam, competem e entregam valor aos clientes. E esse olhar os fazem querer abraçar a IA para aproveitar ao máximo seu potencial transformador.

A seguir, algumas das principais razões pelas quais os CEOs estão tão atentos a esse tema:

  • Disrupção de setores inteiros: a IA tem o potencial de causar disrupção significativa em setores inteiros da economia. Empresas que não acompanham essas mudanças correm o risco de ficar para trás e perder vantagem competitiva. CEOs entendem que precisam estar à frente dessa curva de inovação para manter seus negócios relevantes.
  • Eficiência operacional: a IA pode automatizar tarefas repetitivas e melhorar a eficiência operacional. Isso pode resultar em redução de custos, maior produtividade e melhor utilização dos recursos, fatores que são críticos para a saúde financeira das empresas.
  • Tomada de decisão mais informada: a IA fornece insights e análises de dados mais sofisticados, permitindo que os líderes tomem decisões mais informadas e baseadas em dados. Isso pode levar a estratégias de negócios mais eficazes e melhores resultados financeiros.
  • Inovação e personalização: a IA é uma ferramenta poderosa para a inovação. Ela pode ser usada para desenvolver novos produtos e serviços, bem como para personalizar a experiência do cliente, criando produtos sob medida e melhorando o atendimento ao cliente.
  • Competição global: em um mundo cada vez mais globalizado, as empresas enfrentam concorrência não apenas local, mas internacional. A IA pode ser uma maneira de ganhar uma vantagem competitiva em escala global, impulsionando a inovação e a eficiência.
  • Previsão de tendências e riscos: a IA é capaz de analisar grandes volumes de dados em tempo real, o que permite às empresas prever tendências de mercado e identificar riscos potenciais com maior precisão. Isso é essencial para a adaptação rápida às mudanças nas condições de mercado.
  • Responsabilidade ética e social: os CEOs estão cientes das preocupações éticas e sociais em torno da IA, como viés algorítmico e privacidade de dados. Eles reconhecem a importância de implementar práticas éticas e transparentes em suas empresas para manter a confiança dos clientes e a reputação da marca.

No mundo todo, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com questões relacionadas à responsabilidade social e com a postura das empresas frente ao tema. Com isso, a cobrança por ações de sustentabilidade tem se tornado maior, o que exige que as organizações ampliem suas perspectivas para além das métricas financeiras e passem a considerar seus impactos sociais e ambientais. 

E dentro deste contexto, nos últimos anos, a importância do ESG cresceu consideravelmente e tornou-se uma prioridade para a maior parte dos CEOs devido a várias razões:

  • Pressão dos investidores: muitos investidores, incluindo grandes fundos de investimento e acionistas institucionais, estão cada vez mais considerando os critérios ESG ao tomar decisões de investimento.
  • Expectativas dos consumidores: os consumidores estão mais conscientes das questões ambientais e sociais, e muitos preferem apoiar empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social. Isso pode afetar as vendas e a reputação de uma empresa.
  • Regulamentações e normas: governos estão implementando regulamentações mais rigorosas relacionadas ao meio ambiente, direitos dos trabalhadores e governança corporativa. As empresas que não cumprem essas regulamentações podem enfrentar multas e sanções.
  • Risco e resiliência: a gestão adequada dos riscos ambientais e sociais pode ajudar as empresas a evitar desastres e crises que possam prejudicar suas operações e reputação. A incorporação de práticas de ESG pode melhorar a resiliência da empresa.
  • Atrair e reter talentos: os profissionais de hoje, especialmente as gerações mais jovens, tendem a preferir trabalhar para empresas que compartilham seus valores ESG.
  • Vantagem competitiva: empresas que adotam práticas sustentáveis e sociais responsáveis podem ganhar vantagem competitiva, tanto em termos de reputação quanto de inovação. E isso pode levar a um crescimento de mercado e a uma posição mais forte no setor.

A liderança humanizada reconhece que as pessoas são o ativo mais valioso de uma organização. Ao colocar as pessoas no centro dos negócios, as empresas podem criar um ambiente mais saudável, produtivo e sustentável, que beneficia não apenas os colaboradores, mas também os clientes, parceiros e a sociedade como um todo. É uma abordagem que busca o equilíbrio entre o progresso tecnológico e o cuidado com o aspecto humano, garantindo um futuro mais promissor para todos.

E os CEOs desempenham um papel crucial na criação de uma cultura organizacional que valoriza as pessoas e coloca o bem-estar dos colaboradores no centro das decisões estratégicas, o que é um diferencial competitivo. Afinal, líderes que priorizam o ser humano não apenas alcançam resultados financeiros sólidos, mas também constroem organizações resilientes, inovadoras e socialmente responsáveis.

Não é à toa que as organizações regenerativas estão emergindo como uma nova abordagem revolucionária para o sucesso empresarial. Essas empresas não apenas buscam o lucro, mas também têm um profundo compromisso com a criação de um ambiente de trabalho que promova o crescimento pessoal, a segurança psicológica e a mudança positiva. E os CEOs são importantíssimos  nessa jornada da transformação, que envolve construir uma cultura autêntica, inspirar um propósito compartilhado e criar sistemas de apoio ao potencial humano.

E para debater esses e outros temas importantes que envolvem a liderança na era digital, a EBDI realizará, de 31 de janeiro a 02 de fevereiro, o SAB CEO 2024. O Encontro, uma imersão de 3 dias, já conta com a participação de 60 presidentes das maiores empresas do País. Para mais informações, clique aqui (vagas limitadas).